Em três anos já percorreu vários pontos do país e também do estrangeiro, merecendo sempre grande recetividade. Este sábado, é apresentado, pela primeira vez, em Aveiro – mais concretamente no palco do Teatro Aveirense. Dirigido por Né Barros e João Martinho Moura, Co:Lateral é um espetáculo que explora a relação entre a dança e as artes digitais e que tem uma forte componente de interação, “do gesto com a parte digital”, o que se traduz numa certa “imprevisibilidade em cada momento” e na certeza de que “o espetáculo pode ser diferente a cada apresentação”, realça a própria coreógrafa.
A matriz, contudo, permanece intocável. “De uma forma poética, o espetáculo cria um ciclo de nascimento até à morte do cisne, numa evocação da própria história da dança mas também da história de um corpo”, desvenda Né Barros, em entrevista à Aveiro Mag.
Coreógrafa e bailarina, cofundadora e membro da direção do balleteatro, ao longo da sua carreira, tem desenvolvido trabalhos artísticos em ligação com os científicos - cujas áreas de pesquisa são a estética e as práticas contemporâneas na dança e nas artes performativas. Começou por ser ela a intérprete de Co:Lateral, mas acabou por ficar apenas com a direção do espetáculo.
Este sábado, em palco vai estar Sónia Cunha, uma só bailarina em consonância com as artes digitais, numa exibição sujeita a uma grande precisão. “Para se produzir determinado efeito é necessário que a posição do corpo, o modo como se desloca, seja muito precisa”, destaca a coreógrafa.
Um regresso depois de “décadas”
Né Barros confessa que já não traz trabalhos seus a Aveiro “há décadas”, mostrando-se ansiosa para regressar “a uma cidade belíssima e a um espaço espetacular”. “Espero que a partir de agora seja um parceiro importante de circulação de outros trabalhos e propostas que tenho estado a desenvolver”, testemunha.
Em conversa com a Aveiro Mag, a coreógrafa acabaria por falar também sobre a forma como enfrentou o recente período de confinamento, que afetou gravemente o setor cultural. “Como mantivemos o lado da programação específica online, apresentando alguns trabalhos que tinham sido bem filmados e realizados, fomos tendo esta relação à distância com o público. E como também tenho um projeto novo, de um trabalho que vou apresentar em coprodução com o Teatro Nacional de São João, aproveitei para aprofundar e investigar esse trabalho”, relata.
Né Barros olha para este momento de crise também com a perspetiva de aprendizagem. “Abriu-se um canal novo que é poder comunicar trabalhos à distância, através de um outro suporte, que não se substitui à presença, mas é uma outra possibilidade”, frisa.
Neste momento, a coreógrafa está também a trabalhar num outro projeto em parceria com João Martinho Moura, mas cuja apresentação está, por ora, suspensa por força da pandemia. “Implica que o público tenha um capacete de realidade virtual e isso nesta fase não é recomendável”, explica.