Ricardo Sousa assume a intenção de conduzir o Beira-Mar aos lugares que garantem a passagem à III Liga na época 2021/2022, mas está consciente das dificuldades que o clube terá pela frente esta temporada perante o quadro de incerteza que atualmente se vive. A pandemia obrigou o Beira-Mar a redefinir objetivos e a promoção às competições profissionais poderá ter que ficar para mais tarde. “Queremos continuar a crescer de uma forma sustentada sem precipitações”, explica o treinador.
No plano inicial, apresentado em meados de 2019, este segundo ano de trabalho seria para apostar numa meta mais ambiciosa, mas a redução dos apoios, entretanto registada, não deixa grande margem para voos mais altos. Mesmo com um orçamento reduzido, Ricardo Sousa garante que o grupo está preparado para “deixar tudo em campo para realizar uma boa campanha que dignifique o Beira-Mar, satisfaça os nossos sócios e adeptos e nos permita fica entre os cinco primeiros lugares para garantir a passagem à III Liga”, independentemente da série em que vier a ficar, uma decisão que ainda não foi anunciada pela Federação Portuguesa de Futebol.
"Sabemos que há clubes que estão a investir muito, mas vamos saber responder em campo", promete. A nova competição, que servirá de acesso à LigaPro, será uma realidade a partir da época 2021/2022, no âmbito do plano de reestruturação do terceiro escalão do futebol português apresentado em maio, pela Federação Portuguesa de Futebol.
Nova época começa a 3 de agosto
O plantel, que tem vindo a ser construído de acordo com a realidade orçamental definida pela direção, deverá começar a trabalhar no próximo dia 3 de agosto. “Se, entretanto, não surgirem alterações por causa da pandemia”, alerta Ricardo Sousa que se mostra satisfeito com os jogadores que tem à disposição para a nova época.
“Apesar das restrições financeiras, conseguimos criar um plantel competitivo que vai estar preparado para as dificuldades extremas que vamos enfrentar”, garante. A aposta na formação também vai ser uma preocupação do treinador que regista com agrado o investimento que o clube está a fazer na área das infraestruturas, uma condição essencial para o clube poder sonhar com o regresso aos grandes palcos do futebol português.
O futuro complexo de campos de treinos do Estádio Municipal de Aveiro poderá ficar concluído ainda este ano e será, também, um grande reforço para atingir os objetivos propostos. A obra, de cerca de 3 milhões de euros, assumida pela Câmara Municipal, abrange uma área de 35 mil metros quadrados e inclui quatro campos (dois de futebol de 11, um de futebol 7, todos com piso sintético e um de 9 de relva natural.
O investimento prevê ainda a construção de um edifício de 1.500 metros quadrados, que servirá para instalar as bancadas de apoio aos recintos de jogo. Ricardo Sousa dá a receita para o sucesso. “Queremos jogadores que se identifiquem com o clube e que, ao mesmo tempo, ajudem os sócios a acreditar em nós e a dar-nos o apoio que tanto precisamos e isso passa também por garantir um melhor aproveitamento dos jovens que evoluem nos nossos escalões de formação”, diz.
A meta está traçada. "Queremos ter mais jogadores que se identificam com o que é ser Beira-Mar”, sublinha o treinador que pede aos sócios que “estejam do nosso lado porque não vai ser uma época fácil”. Ricardo Sousa quer sentir o apoio “sobretudo nas alturas más, para ajudar o clube a chegar às vitórias que todos desejamos”. O jovem treinador, que aceitou liderar este projeto de 2 anos, não afasta a possibilidade de continuar para além de 2021. “Estas são as minhas cores e vou estar sempre disponível para o Beira-Mar”, garante.
O golo do Jamor a festa da Taça
Falar sobre o Beira-Mar com o Ricardo Sousa e não falar sobre o golo que valeu a conquista da Taça de Portugal frente ao Campomaiorense é como ir a “Roma e não ver o Papa”. A verdade é que o “herói do Jamor” já perdeu a conta às vezes que foi abordado para falar sobre a página mais gloriosa da história do Beira-Mar escrita na tarde de 19 de junho de 1999, no Estádio Nacional, em Oeiras.
“Foram tantas que não faço a mínima ideia, mas é sempre um prazer lembrar o momento mais bonito e mais marcante de toda a minha carreira, não só por ser o Beira-Mar, mas também porque o meu pai era o treinador”, recorda, revelando que ainda hoje se arrepia quando vê o lance e os momentos da festa que inundou o Jamor e a cidade de Aveiro. “Nunca me vou cansar de falar sobre esse dia”, sublinha.
“Gostava de regressar à Alemanha”
Ricardo Sousa estreou-se como treinador na época na época 2015/2016 na Associação Desportiva Sanjoanense. Seguiram-se passagens pelo Lusitano de Vila Real de Santo António, Anadia e FC Felgueiras 1932 até chegar ao Beira-Mar. “Tenho dado passos seguros, porque quero construir uma carreira sólida que me permita chegar onde estão os melhores”, diz o treinador que elege o seu pai, António Sousa, José Mourinho e Pep Guardiola como as suas grandes referências, “por tudo aquilo que já fizeram e por aquilo que sempre conseguiram incutir nas suas equipas”.
Neste primeiros ano no Campeonato Nacional de Séniores, Ricardo Sousa diz que tem aprendido muito com as dificuldades que os clubes enfrentam. "Penso que isso me torna mais forte como treinador”, diz. Enquanto jogador, Ricardo Sousa atuou em Portugal, Alemanha, Chipre, Holanda e Eslovénia. Nesta nova etapa, o estrangeiro também poderá ser uma possibilidade mais tarde, sobretudo os bons campeonatos. “Gostava de voltar à Alemanha, um país onde adorei estar, mas, para já, o foco está no Beira-Mar”, afirma.