Uma época desportiva difícil e com muitos obstáculos, marcada pela ainda interminável pandemia da Covid-19, não foi desculpa para a secção Náutica do Clube dos Galitos não conseguir alcançar títulos e bons resultados.
Em entrevista à Aveiro Mag, João Paulo Vaz, diretor técnico do clube aveirense, faz um balanço positivo da temporada e olha para o futuro, apontando objetivos ambiciosos e não descartando a possibilidade de os próximos Jogos Olímpicos, que se realizam em 2024, em Paris, contarem com a presença de atletas galináceos.
No último mês, em Montemor-o-Velho, o Galitos sagrou-se campeãonacionalde remo em três vertentes. Uma delas, a de Shell de 8 com timoneiro, que já não conseguia há 32 anos. Qual o significado de tamanha conquista para o clube e para os atletas?
Estes resultados refletem um trabalho realizado ao longo das últimas épocas que envolveu vários dirigentes, treinadores e atletas. É realmente um feito memorável que muito nos orgulha e demonstra que o trabalho feito com método e com objetivos claros traz os seus frutos.
No entanto, mais do que esses três títulos, o que importa é o trabalho de uma secção inteira. Globalmente, como avalia esta época que agora termina?
Sem dúvida que estes títulos são a maior expressão dos resultados desta época e também das épocas anteriores. No entanto, houve muito trabalho, e bom trabalho, realizado pelos restantes atletas, desde os mais novos, grupo de formação, passando pelos mais velhos, seniores e veteranos.
Neste momento, temos dois atletas juniores, André Ferreira e Luís Amaro, em preparação para representar o clube e Portugal na “Coupe de la Jeunesse”, prova a realizar entre 6 e 8 de agosto, em Linz, na Áustria.
O André Ferreira foi, também, convocado para a Seleção Nacional de juniores e irá representar Portugal nos campeonatos europeus a realizar a 9 e 10 de outubro em Munique, na Alemanha.
Não nos podemos esquecer que passamos grande parte da época num regime pandémico, o que nos alterou algumas rotinas e métodos de treino e nos trouxe algum trabalho acrescido na gestão dos atletas e equipas. Mas nas contas finais da época o saldo é bastante positivo.
Qual é, neste momento, o panorama da secção náutica do Galitos, em termos de atletas, escalões e embarcações?
Neste momento, a Secção náutica do Clube dos Galitos movimenta cerca de 80 atletas distribuídos pelos escalões de formação (Benjamins, Infantis, Iniciados e Juvenis), competição (Juniores, Seniores e Veteranos) e na variante de Remo de Lazer.
A quantidade de embarcações disponíveis, neste momento, é escassa e muitas delas já têm cerca de 20 ou 30 anos ao serviço da Secção Náutica. Isto significa que temos que ter uma grande capacidade de gestão da frota de modo a satisfazer as necessidades dos nossos atletas e treinadores. No entanto, devo realçar o esforço que a Secção Naútica tem vindo a desenvolver nas últimas épocas para renovar e reforçar a frota e equipamentos desportivos.
Sabendo que o Galitos é um clube olímpico e que o próximo ciclo olímpico está quase a começar, quais são os objetivos do clube neste momento? É possível colocar algum atleta/embarcação nasolimpíadas de 2024?
Sendo o Clube dos Galitos um clube olímpico, esse objetivo está sempre presente, não só em pensamentos, mas sobretudo no trabalho realizado diariamente no clube. Colocar atletas nos Jogos Olímpicos não é uma tarefa simples, exige um grande trabalho de base, de recursos materiais e humanos. No entanto, e tendo em conta o potencial humano que temos vindo a desenvolver, o objetivo de participação nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, é algo a levar a sério.
Sem contar com os jogos olímpicos, quais são os objetivos da secção para a próxima época?
Em termos desportivos temos vários objetivos a trabalhar para a próxima época: aumentar o número de atletas, quer na formação quer na componente de lazer; participação diversificada em provas, quer seja em Remo Olímpico, Remo de Mar e Remo em Yolle; renovar os títulos nacionais alcançados na época passada e tentar obter mais títulos, nomeadamente, ao nível dos escalões seniores e colocar atletas nas Seleções Nacionais, Juniores, Sub23 e Seniores;
Como tem sido esta gestão da pandemia e a reação à adversidade por parte de todos os integrantes da secção?
Como em relação a todos os ramos da sociedade, a pandemia também afetou os trabalhos e projetos da Secção Náutica. Nas fases de confinamento, tivemos a possibilidade de facultar aos nossos atletas equipamentos desportivos, ergómetros remo e pesos para musculação, para que pudessem realizar os treinos nos seus domicílios. Aquando da reabertura das atividades, tivemos a necessidade de elaborar planos de contingência e regulamentos específicos para o momento e adaptar os treinos a pequenos grupos de atletas recorrendo apenas aos treinos em embarcações singulares ou de pares. No entanto, apesar de todas estas adversidades, não registámos o decréscimo de atletas.
O que falta fazer? O que gostaria de ter que não tem?
Neste momento, faz falta um acesso condigno ao nosso posto náutico. Gostaria também de ver renovada a frota de competição bem como a remodelação das nossas instalações (posto náutico), de modo a proporcionar melhores condições de treino para atletas e treinadores.
*Fotos: José Amaro e António Jorge Ferreira