Tem 28 anos, é natural e residente em Oliveira do Bairro e descobriu a paixão pela música quase por mero acaso. Ainda chegou a pensar seguir uma carreira na área das ciências, mas a paixão pela música acabou por falar mais alto. Mariana Miguel licenciou-se em Música – iniciou a licenciatura em Aveiro e terminou-a em Évora –, prosseguiu para Mestrado e hoje orgulha-se de fazer da música o seu modo de vida. Recentemente, lançou o seu primeiro álbum de música original, “Piano Oceano”, num evento que teve lugar na sua terra natal, mais concretamente na Cerâmica Rocha, e os projetos parecem não ter fim.
“Piano Oceano” foi gravado e editado no início de 2022, e é tocado exclusivamente no piano, com recurso a técnicas não convencionais e piano preparado, um termo cunhado pelo compositor John Cage há quase cem anos, que se materializa no recurso a objetos como borrachas, molas, pedaços de madeira, cartão, plásticos, e outros, para manipular os sons do instrumento, concedendo-lhe novos timbres e sonoridades. O disco tem como inspiração as paisagens rurais da região, nomeadamente, a zona do rio Cértima, sua fauna e flora, bem como a água em todos os seus estados. E tem como referência o trabalho de compositores como Béla Bartók, John Cage e Helmut Lachenmann, e o músico e compositor Mário Laginha, destaca a pianista de Oliveira do Bairro.
Em breve, segundo adiantou em entrevista à Aveiro Mag, irá apresentar o primeiro espetáculo ao vivo com os temas de “Piano Oceano”, disco que resulta de um projeto apoiado pelo município de Oliveira do Bairro, através do programa de apoio à cultura lançado em 2020, devido à pandemia. Os detalhes desse concerto estão ainda a ser acertados, razão pela qual Mariana Miguel remete o derradeiro anúncio para mais tarde.
Dos CRASSH à Companhia de Música Teatral
Mariana Miguel começou a estudar piano aos 7 anos, influenciada por uma amiga. “A partir daí, a coisa começou a crescer, mas nunca ponderei de uma forma muito séria ser música”, conta. Os seus planos passavam por “ser cientista, seguir a área de ciências”, acrescenta. O volte-face aconteceu na altura do 12º ano, quando chegou também “ao final do Conservatório”. “Percebi que indo para a universidade num qualquer curso não teria a possibilidade de continuar a estudar música e como não conseguia lidar com isso, decidi estudar música”, explica.
A música acabaria, assim, por levar a maior, ainda que isso não signifique que Mariana Miguel tenha desistido, definitivamente, das ciências. “Posso fazer um outro curso mais tarde”, nota a pianista cujo percurso está ligado à Escola de Artes da Bairrada e, consequente, aos CRASSH – grupo de percussão criativa. A pergunta torna-se inevitável: piano ou percussão? “É uma pergunta difícil. Depende dos dias (risos)”, começa por referir, admitindo, depois, que considera o piano o “seu” instrumento.
Neste momento, além da apresentação do seu disco, Mariana Miguel está também empenhada no trabalho que desenvolve na Companhia de Música Teatral, entre outros projetos aos quais vais estando ligada. É o caso d’“A Grande Orquestra das Mãos de Barro”, nova criação da d’Orfeu AC, que junta 13 artistas em palco, uma sonora homenagem à arte cerâmica. Mariana Miguel é uma delas.