No dia em que arranca a edição deste ano do Festival dos Canais a Aveiro Mag conversou com José Pina, diretor do Teatro Aveirense, que falou do presente e do futuro deste grande evento cultural. A arte está de volta às ruas de Aveiro durante todo este fim-de-semana e também no próximo (dias 22, 23 e 24 de julho).
Aveiro Mag: Uma das ideias que faz questão de vincar em relação a este evento é que ele transforma Aveiro num palco. Este ano, com o levantamento das restrições motivadas pela pandemia, isso é ainda mais possível?
José Pina: Sim. De facto, o festival tem essa matriz identitária. Através daquilo que é a geografia da cidade, permitimos ao público que possa usufruir do território, descobrir espaços que nem sempre estão visíveis num primeiro olhar, como um palco. Temos vários locais onde o evento acontece, numa lógica em que se pretende que as pessoas possam circular através da cidade à procura dos conteúdos.
A exposição Magic Carpets, patente na antiga Capitania, é apresentada como um dos destaques da edição deste ano. Porquê?
Esta exposição é um projeto europeu que faz parte da programação Kaunas – Capital Europeia da Cultura 2022 e o sentido dessa presença em Aveiro prende-se com dois factos. Primeiro, porque queremos, dentro do que é a programação do festival, ter uma oferta diferenciadora contemporânea; por outro, porque o Festival dos Canais é um dos momentos mais marcantes da oferta cultural da cidade e do município. E nesta perspetiva de sermos uma cidade que está a trabalhar para ser Capital Europeia da Cultura em 2027 queremos demonstrar ao nosso público o que de bom se faz nas cidades que ostentam o título de Capital Europeia da Cultura.
Os espetáculos de grande formato também acabam por assumir grande destaque. O que teremos este ano?
Destaco dois momentos. Um, acontece a 15 e 16, com uma companhia basca de teatro de rua, os Deabru Beltzak, que irão apresentar o espetáculo Symfeuny. Será, obviamente, um momento marcante. O outro projeto é MÙ, um espetáculo de grande escala da Companhia Trans Express. Estamos a falar de uma das companhias mais marcantes e mais consagradas a nível europeu no teatro de rua.
A comunidade local também volta a ter oportunidade de fazer parte do festival através da Fanfarra dos Canais e não só...
A Fanfarra dos Canais é talvez um dos eventos mais emblemáticos e simbólicos do festival, porque envolve toda esta participação da comunidade numa orquestra que vai percorrer várias ruas da cidade, criando momentos muito marcantes.
Mas temos outros projetos que demonstram esse lado da participação, como é o caso do desafio que lançámos à Banda Amizade para realizarmos um projeto único e irrepetível que é eles servirem de suporte ao projeto musical que a Aurea, a Carolina Deslandes e a Rita Redshoes, vão protagonizar.
Destaco também esse projeto muito marcado pela identidade de Aveiro, que é a peça de teatro As Sete Vidas da Argila – Como Boca-de-Barro Ganhou o seu Apelido, um espetáculo encenado por Jorge Louraço Figueira e concebido com o contributo da comunidade na criação e no elenco, ancorado na história da cerâmica de Aveiro, e que vai ser reposto no festival.
Esta será a melhor edição de sempre?
Esta é uma edição grande, muito boa, do Festival dos Canais. Não consigo quantificar e afirmar que é a melhor de sempre. O que posso dizer é que esta edição volta a colocar o Festival dos Canais na rota do que vinha a ser o seu processo até 2019, antes da pandemia, que era transformá-lo num evento de referência a uma escala europeia.
Há ainda margem para o Festival dos Canais crescer?
Temos um plano de desenvolvimento gradual e sustentando - quer a nível financeiro, quer da programação e público - e ele está longe de se esgotar. Temos muito por onde crescer e vamos continuar a crescer.