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Paris... Je T'aime moi non plus

Opinião

Aveiro, 9 de setembro de 2006.

A cidade dos canais estava a ficar pequena, quase claustrofóbica, para o que ela perspetivava para um futuro melhor ou diferente … fosse ele a um, a dois ou se o útero permitisse, a 3.

Decidiu doutorar-se, cultivar-se, amar- se a se primeiro a ela e depois a um, a outro e por fim escolheu deixar-se levar pela mão rumo a um destino que até hoje não sabe se quer. Estava na Rua Direita quando decidiu por fim partir e ele seguiu-a.

Paris, 19 de novembro de 2014

Ela, deslumbrante na confiança da dupla maternidade, curava os Clássicos na área geriátrica do Louvre.

Foi no Cour Carré que decidiu ir. Àquela hora tudo lhe parecia flutuar como uma visão serena. Atravessou uma pequena ponte de madeira com passos rapidamente indecisos. Hesitante, mas já em frente ao Institut no Quai de Conti, lembrou-se de quando frequentava a Bibliothèque Mazarine. Ignorou as mil galerias que visitava com o tal marido que a amava demasiado e cortou pela Rua Bonaparte em direção a Saint Germain.

Ele, não tão magro como o Bela Lugosi, mas com dedos finos de pianista sofrível, tocava onde o quisessem no Bairro de Saint Germain des Prés, mas de existencialista só tinha a gola alta e a pele macilenta.

Estava no Flore quando soube que ela vinha, mas mudou-se para o Les Deux Magots, onde tinham combinado ver-se à distância e perceber se o desejo ainda existia.

Existia… caminharam afastados pela Rue Gozlin e alugaram três meias horas de umas águas furtadas com vista para absolutamente lado nenhum.

Conheciam-se há tempo insuficiente para arriscarem não ter medo. Mesmo assim, subiram.

Fizeram primeiro amor, depois sexo, depois, durante mais de uma hora não sabem bem o que fizeram. Ela parecia querer guardar aquela noite mais na pele do que na memória.

Ele, viciado em clichés, acendeu dois cigarros de uma vez com o último fósforo. Ela, educada, agradeceu com um não fumo, deixando-o morrer lentamente num cinzeiro improvisado.

Ela tinha sempre frio, ele calor. Ela gostava de Miró, ele de Man Ray. Ela suspirava pelos existencialistas, ele surrealizava demasiado. Ela era sofisticada, ele sofisticava-se no ecletismo. Ela sonhava com Buenos Aires, ele não dançava o Tango.

Com tantas diferenças, perceberam num lume que foram feitos um para o outro e talvez por isso não se tenham visto nunca mais desde aquele dia.

Pensam um no outro todas as noites, sempre que recordam o medo que tiveram de ser felizes.

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