Conhece a realidade do distrito, de Argoncilhe a Pampilhosa, de Paiva a Sosa?
Seria desonesto dizer que sim, a realidade geográfica e administrativa do nosso distrito encarrega-se disso mesmo. Sou do concelho de Oliveira de Azeméis, estudei em São João da Madeira e trabalho em Santa Maria da Feira. Dois destes concelhos pertencem à AMP (Área Metropolitana do Porto) o que faz com que as populações mais a Norte do nosso distrito não sintam a necessidade de se deslocarem para Sul. Este problema só será resolvido com uma reforma das soluções de mobilidade no nosso país. As “soluções” que existem de momento são deficitárias em oferta e qualidade e o próprio modelo tem de ser repensado, não podemos continuar reféns do carro e das carreiras que apenas conectam os grandes centros urbanos.
Acredita que a equipa que lidera por Aveiro tem esse conhecimento?
Isoladamente não, como um todo, sim. A nossa lista é composta por pessoas de Norte a Sul do distrito.
De uma forma específica, diga-nos três coisas que importa melhorar no distrito?
Em primeiro lugar importa referir que as eleições que estão em curso são Legislativas e não Autárquicas, quaisquer considerações que eu possa fazer em relação aos problemas do distrito serão claramente tidas em conta na tentativa de criação de respostas de nível nacional mas nunca existirá uma solução específica e direta no distrito. Essa é uma competência que recai sobre as autarquias às quais devem ser dadas todas as condições para operar. Dito isto penso que o distrito tem um problema grave ao nível dos transportes e da mobilidade e tem uma clara falta de organização do mapa judiciário (tribunal de Santa Maria da Feira a operar num sítio provisório há mais de dez anos e um dos tribunais de Aveiro deslocado para Anadia).
Qual a melhor forma de combater a ideia de que quem chega à Assembleia da República/Governo esquece rapidamente o distrito pelo qual foi eleito?
A única forma de combater esta ideia é com ação política (mantendo uma política de contacto com a população) e um melhoramento geral da comunicação através dos média.
Que resultados espera alcançar no dia 10 de março (número de deputados por Aveiro)?
O objetivo final é, em última análise, sempre eleger um deputado. O que neste caso seria o primeiro deputado do Volt por Aveiro. Contudo, neste momento estamos preocupados com um objetivo realista e focado no presente. Darmo-nos a conhecer é o nosso foco principal, sonhar com resultados eleitorais grandiosos é redundante se o público geral não conhecer sequer o nome do partido. Para estas eleições pretendo dar o Volt a conhecer aos eleitores de Aveiro e espero cimentar trabalho comunicacional e a propagação das nossas ideias europeístas e progressistas.
Uma das questões que mais tem preocupado os aveirenses prende-se com a tão aguardada ampliação do Hospital de Aveiro, que tarda em avançar. O que se propõe a fazer em relação a esta matéria?
Por mais importante que as reformas e expansões de um hospital específico sejam, são sempre, necessariamente insuficientes. Aquilo de que precisamos são reformas compreensivas e profundas do nosso sistema de saúde como um todo. Em Portugal existe, por algum motivo, um grande tabu quanto à noção de reformar o sistema de saúde, mas evitar fazê-lo é perpetuar as roturas desse mesmo sistema. O Volt defende que deve haver uma maior digitalização na saúde a fim de diminuir as listas de espera e os tempos de resposta. Deve ser feito um investimento na área da saúde preventiva de modo a baixar os custos com tratamentos que podem, em última análise, ser prevenidos. Defendemos também a descentralização de serviços, achamos que os centros de saúde devem ter um papel mais preponderante na estrutura de resposta do SNS e para isso não chega encaminhar os doentes para esses centros, é também preciso dotar esses centros de meios humanos e estruturas de equipas multidisciplinares que agilizem a cooperação entre serviços. Mas apesar de tudo isto mantém-se a necessidade de uma cidade como Aveiro ter um hospital com capacidade de servir não só a sua população, como também as populações adjacentes.
O traçado da linha ferroviária de alta velocidade tem gerado polémica em vários pontos do distrito. O que tem a dizer às populações afetadas?
A expansão da ferrovia e o desenvolvimento das linhas de alta velocidade é fundamental, indispensável e desejável, mas também é fundamental, indispensável e desejável que essa expansão seja feita respeitando a vontade das populações deve ser feito um equilíbrio entre os custos desse desenvolvimento e o seu impacto nas populações.
Faz sentido investir na requalificação e modernização da linha do Vouga?
Sim. Aliás, a resposta do Volt ao problema da mobilidade assenta num modelo modal no qual a ferrovia deve ser, na nossa opinião, a coluna vertebral desse modelo. O programa Eleitoral do Volt refere diretamente a linha do Vouga a sua requalificação e aumento (até Espinho), como defende ainda também uma nova Linha Aveiro-Viseu-Mangualde, inserindo na rede nacional Viseu, a maior cidade europeia sem serviço de comboio, e concordando em Mangualde com a linha da Beira Alta.