É simultaneamente cabeça de lista por Aveiro e líder do partido. Isso pode beneficiá-lo ou prejudicá-lo?
Sou natural de S. João da Madeira e tenho muito orgulho nisso. Da mesma forma que sempre fui candidato à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de onde sou natural, entendi que faria sentido continuar agora a ser candidato pelo meu distrito de sempre, o de Aveiro. Porque não viro as costas ao meu distrito, nem ao meu concelho.
Conhece a realidade do distrito, de Argoncilhe a Pampilhosa, de Paiva a Sosa? Acredita que a equipa que lidera por Aveiro tem esse conhecimento?
Ao longo dos últimos anos, enquanto deputado à Assembleia da República e enquanto governante, percorri várias vezes as ruas, as avenidas e as praças dos concelhos e das freguesias do distrito de Aveiro. Visitei as empresas, as instituições e falei com as pessoas. Naturalmente que não o fiz sozinho. Fiz este caminho com uma equipa que, tal como eu, conhece o território e conhece os problemas que temos que continuar a resolver. Porque não vamos deixar o trabalho a meio. Por muitas que sejam as dificuldades, o verbo “desistir” não faz parte do meu dicionário.
De uma forma específica, diga-nos três coisas que importa melhorar no distrito?
O distrito de Aveiro, pela sua dimensão e abrangência regional, tem vários desafios. A erosão costeira merece-nos especial preocupação e temos de assumir este como um desígnio nacional, em defesa do ecossistema e das populações.
Ao nível dos cuidados de saúde, a nova organização do SNS pode ter alguns melhoramentos locais, sendo que uma das prioridades tem de ser a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro, que tem já uma garantia de financiamento de 30 milhões de euros.
Do ponto de vista das infraestruturas e da mobilidade há muito ainda para fazer no nosso distrito. Desde logo, a requalificação da Linha do Vouga, cujo encerramento esteve previsto, quando o país já tinha desistido da ferrovia, e que não só não irá encerrar como estamos a requalificar.
Também o eixo rodoviário Aveiro-Águeda já tem garantia de financiamento, bem como a ligação do IC35 à A25, uma ambição de Sever do Vouga que tem mais de 30 anos. Estou convicto que esta obra contribuirá para o desenvolvimento da indústria metalomecânica, instalada neste concelho, ao facilitar as ligações ao Porto de Aveiro e a Vilar Formoso, criando assim mais postos de trabalho e mais riqueza para o país. Também já encontrámos financiamento necessário para concretizarmos dois desígnios há muitos anos ambicionamos por Castelo de Paiva, seja o IC35, seja a variante à Nacional 222, que nos ligará à A32.
Desta forma estamos a construir um Portugal Inteiro. Um país descentralizado, mais coeso, onde viver no interior ou no litoral seja igual em oportunidades e em serviços do Estado.
Qual a melhor forma de combater a ideia de que quem chega à Assembleia da República/Governo esquece rapidamente o distrito pelo qual foi eleito?
A melhor forma é ouvir e trabalhar em proximidade com a população, correspondendo às suas expetativas e cumprindo os compromissos. Ao longo dos últimos anos é isso que temos feito.
Enquanto Ministro das Infraestruturas e da Habitação dei o meu contributo para valorizar a Linha do Vouga, avançar com uma reabilitação imediata para assegurar as condições de segurança da circulação e garantir o financiamento para uma requalificação mais profunda.
Ajudei também a desenlaçar o nó para a calendarização de procedimentos para a construção da ligação do IC35 à A25.
Assegurámos o financiamento público para o eixo rodoviário Aveiro-Águeda, para a ampliação do Hospital de Aveiro e para a intervenção em dezenas de escolas espalhadas por todo o distrito.
Temos de fazer justiça a estas populações. Como fizemos, por exemplo, ao povo de Arouca, com a abertura ao tráfego da ligação do Parque de Negócios de Escariz à A32.
Que resultados espera alcançar no dia 10 de março (número de deputados por Aveiro)?
O Partido Socialista trabalha para vencer as eleições. Para isso, tem de eleger o maior número possível de deputados e esse é o objetivo, sem quantificações.
Uma das questões que mais tem preocupado os aveirenses prende-se com a tão aguardada ampliação do Hospital de Aveiro, que tarda em avançar. O que se propõe a fazer em relação a esta matéria?
Finalmente, foi com o Governo do Partido Socialista que foi assegurado o financiamento para a ampliação do Hospital de Aveiro. Essa é uma das nossas prioridades.
Em Portugal, precisamos de mais ação e menos conversa. E mais ação significa que todos os intervenientes nestes processos, que são morosos e burocráticos, sejam ágeis para que não adiemos mais o desenvolvimento do país e da região. Garantido o financiamento é preciso iniciar as obras o mais rapidamente possível.
O traçado da linha ferroviária de alta velocidade tem gerado polémica em vários pontos do distrito. O que tem a dizer às populações afetadas?
A construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto é um dos projetos mais estruturantes para o país. Um investimento desta dimensão tem impactos e constrangimentos que são inevitáveis. Cabe ao Estado tentar mitigá-los tanto quanto possível. Mas este projeto deve tornar-se uma realidade o mais rapidamente possível. Foi comigo que iniciámos esse processo e nós já estamos atrasados demasiados anos.
Já sabemos que a AD, se vencer as eleições, quer reavaliar o processo e isso significa atrasá-lo ainda mais. Não podemos viver num país eternamente adiado. Quantos projetos, quantos sonhos adiamos por década em Portugal? Sem a linha de alta velocidade, sem o novo aeroporto, sem uma série de projetos estruturantes para a economia do país. Da minha parte os portugueses sabem o que esperar: mais ação e decisões para fazer o país avançar.
Faz sentido investir na requalificação e modernização da linha do Vouga?
Sim, absolutamente. Quando o Partido Socialista chegou ao Governo, em 2015, a Linha do Vouga tinha o encerramento previsto, quando o país já tinha desistido da ferrovia. Felizmente, o PSD não conseguiu cumprir com esse desejo, mas o desinvestimento atroz levou ao definhar e ao desmantelamento de parte da Linha do Vouga.
Com o PS, não só não irá encerrar, como já beneficiou de obras de requalificação em diversos troços, que melhoraram as suas condições de funcionamento e segurança.
Mas somos mais ambiciosos. O que pretendemos é uma profunda requalificação da ferrovia, com alterações de locais de paragens, aproximando-as dos novos centros urbanos, alguns alinhamentos de traçado que permitam aumentar a velocidade e criar um interface com a Linha do Norte, em Espinho, e, em diálogo com as autarquias, estudar a sua extensão a sul à Universidade de Aveiro e a Ílhavo.
Pela primeira vez, este investimento tem financiamento garantido, pelo que temos de acelerar a sua execução para permitir que a Linha do Vouga cumpra a sua principal função: transportar pessoas.
Já prometeu eliminar as portagens nas Scuts. Tem consciência que os aveirenses já ouviram esta promessa noutras campanhas (nomeadamente por parte de António Costa) e a medida continua por cumprir?
Nós fizemos uma maldade a grande parte do território e não tínhamos esse direito. Temos que repor a justiça e o respeito por quem vive e trabalha no interior do país.
Ao longo dos últimos anos, a verdade é que temos feito um esforço para reduzir as portagens e seja feita essa justiça a António Costa.
Mas agora entendemos que há condições para eliminar as portagens nas antigas SCUT, desde logo na A25. Só assim conseguimos construir um Portugal Inteiro que não deixe ninguém para trás, mas olhe para todo o território como uma oportunidade de desenvolvimento económico.