No que diz respeito à crise na habitação, como olha para a realidade distrital e que medidas concretas preconiza?
O PAN quer continuar a avançar pela causa do direito à habitação, com medidas de emergência (designadamente de âmbito fiscal) que ajudem as famílias a pagar a sua renda ou prestação ao final do mês, com o aumento do investimento público na habitação e com a criação de uma rede de habitações públicas que privilegie a reabilitação, assegurando medidas de proteção do património cultural, a eficiência ambiental e a da defesa dos valores da inclusão e do espírito de comunidade.
Neste contexto o PAN irá, entre outras medidas, aprovar um regime de concessão de crédito bonificado à habitação para jovens para os/as jovens dos 18 aos 35 anos; assegurar uma redução de despesas adicionais na compra de casa própria a jovens dos 18 aos 35 anos, por via da atribuição de um desconto de 25% nos emolumentos das escrituras e dos atos de registo respeitantes à aquisição e à hipoteca dos imóveis adquiridos, de isenção de imposto de selo e com a criação de um regime de IMT Jovem que isente deste imposto as casas próprias com valor patrimonial tributário até 110 mil euros; rever o Programa Porta 65, de forma a aumentar os valores de renda máxima, a robustecer a respetiva dotação orçamental e a apoiar as despesas iniciais, como cauções e primeira renda e aumentar o seu valor; reduzir significativamente o IRS dos senhorios que promovam o arrendamento acessível e que atualizem os valores das rendas abaixo dos valores da inflação; e apostar em programas de apoio através de benefícios fiscais aos/às proprietários/as que tenham arrendamento acessível (apartamento, quartos, coliving) para estudantes a preços abaixo da média praticada na área onde se localizem;
A erosão costeira é uma preocupação? Como pretende agir nesta área na região, uma das mais afetadas?
De facto, os estudos mostram que o distrito de Aveiro será dos mais afectados, aliás já sentido em determinadas zonas como por exemplo Esmoriz/Cortegaça. A intervenção deverá ser feita em dois vetores: impedir o avanço do mar, não com intervenções pontuais como tem sido feito, mas com uma estratégia integrada para toda a costa; e avaliar o impacto na população e infraestrutura existentes para mitigar o problema.
Assim, o PAN propõe criar um atlas de risco das alterações climáticas que evidencie todos os riscos climáticos, como zonas afetadas por submersão e inundação decorrentes da subida do nível do mar.
Que outros problemas ambientais mais apreensão causam?
A forma como a humanidade se relaciona com a natureza é o maior desafio das nossas vidas e as políticas ambientais que definirmos e que implementarmos nos próximos
anos determinarão, de forma irreversível, a sobrevivência de milhares de espécies e do Planeta.
Para combater as alterações climáticas e os seus efeitos, apostar nas energias renováveis, cumprir o direito ao clima estável e atingir a neutralidade climática, o PAN irá; assegurar a neutralidade climática em 2045, procurando assegurar a antecipação desta meta com garantia de uma transição justa e de que até 2035 toda a eletricidade do país provém de fontes de energia renovável; garantir que nos primeiros 100 dias da legislatura o Conselho para a Ação Climática inicia funções e que são efetivamente cumpridas as diversas disposições da Lei de Bases do Clima que ficaram por cumprir ou que foram insuficientemente cumpridas; criar apoios técnicos e financeiros para ajudar os municípios a implementar a Lei de Bases do Clima e os respetivos planos municipais de ação climática; assegurar um amplo debate nacional sobre a revisão do Plano Nacional de Energia e Clima 2045, que garanta a efetiva participação das ONGA, a realização de sessões públicas de debate em todo o país e a apreciação pela Assembleia da República; e aumentar o investimento na Inspeção-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, reforçando o número de efetivos e as áreas relevantes a inspecionar, bem como garantir a valorização das carreiras de inspeção, entre outras medidas.
Aveiro é um distrito com muitas empresas e muita indústria. Que medidas defende para o sector?
Reduzir a taxa de IRC em 1 ponto percentual ao ano, atingindo 17% no final da legislatura; criar incentivos fiscais para que as empresas adotem planos de mobilidade activa e promovam a mobilidade ciclável junto dos seus trabalhadores; implementar linhas de apoio à inovação empresarial para a criação de novas empresas e novos produtos no setor agroalimentar que apresentem soluções para os desafios ambientais e contribuam para a redução da pegada ecológica; criação de um eco-voucher anual de 250€, isento de impostos, enquanto possível benefício oferecido pelas empresas para compras em produtos que contribuem para a sustentabilidade; conceder benefícios fiscais às empresas que participem em Programas de Emprego para Reclusos/as, de forma a alargar o programa de regime aberto ao exterior; e eliminar a isenção para as empresas produtoras de energia elétrica no que diz respeito ao Imposto Sobre os produtos Petrolíferos e energéticos (ISP), entre outras medidas.
Aveiro é um distrito que acolhe muitos imigrantes. Que política de imigração deve o país adotar?
Garantir condições dignas de trabalho para todos/ as os/as trabalhadores/as, nomeadamente para refugiados/as e migrantes, visando combater todas as formas de exploração. Apostar na formação e preparação de todos os membros da comunidade escolar para receber estudantes migrantes e refugiados; implementação de programas de acolhimento e apoio a estudantes, investigadores e docentes refugiados, em risco ou forçados à deslocação, tal como o PAN conseguiu aprovar na sequência da tomada dos talibãs do poder no Afeganistão em 2022 ou do agravamento do conflito israelo-palestiniano em 2023; defender no âmbito da União Europeia, a criação de um regime especial que facilite a viagem, concessão de estatuto de refugiado e integração nas instituições de ensino da União Europeia de estudantes, investigadores e docentes refugiados, em risco ou forçados à deslocação; e garantir o acesso ao ensino de português língua não materna para imigrantes e refugiados/as, eliminando obstáculos como o número mínimo de estudantes, entre outras medidas.
A desertificação do interior é um fenómeno que também se verifica em Aveiro. é possível reverter a tendência e como?
Acreditamos que é possível valorizar o interior do distrito para fixação das populações, em especial dos mais jovens. Será necessário apoiar projetos de investimentos nessas regiões, nomeadamente associados à economia verde e à transformação digital.
O desenvolvimento de uma rede de transportes públicos que interligue o interior com o litoral irá facilitar a mobilidade dessas populações mais isoladas, permitindo-lhes aceder a serviços, nomeadamente de saúde ou de educação, sem necessidade de mudar de residência.