1. Criados na década de 50
Foi há cerca de 70 anos que estes bolos foram criados, pelas mãos do pasteleiro Fernando Magalhães, tendo-se tornado um ícone, não só da Pastelaria Ramos, como da cidade de Aveiro. A intenção era inovar num produto de chantilly que, segundo recorda João Pedro Carvalho, da gerência da pastelaria, “era um ingrediente que se trabalhava muito antigamente”. Assim, a equipa de pasteleiros da altura criou uma massa de pão-de-ló pouco cozida que, “por uma questão de física, de consistência, fica na base do bolo, com ovos-moles e preenchido com chantilly”. Outros pasteis com este produto são muito tradicionais nesta casa, como os famosos éclairs de chantilly.
2. O seu formato imita os antigos sacos de pão
Antigamente, usava-se, nos supermercados, sacos de papel a que se chamava “cartucho”. Foi o que deu origem ao nome do bolo, por ter “o formato exato” desse saco. É um bolo em forma cilíndrica constituído por massa de frutos secos e cacau.
3. Levam “a melhor nata de todas”
Na altura em que os cartuchos foram criados, as natas neles utilizadas não eram pasteurizadas, pelo que o seu sabor era “ligeiramente diferente”. Hoje em dia, João Pedro Carvalho afiança que a pastelaria Ramos “usa a melhor nata que há no mercado”. “É uma nata fresca, não é de longa duração, o que faz com que o produto não tenha muita validade, tendo que ser consumido no imediato; como tem muita saída, obriga-nos a uma gestão diferente”, explica o responsável.
4. São mais procurados no verão
Por serem um produto fresco e por ser uma época mais turística. No Inverno, retoma o seu nível de consumo habitual.
5. São vendidos mais de 100 por dia
Sim, leu bem. São mais 100 por dia.
6. Foi um dos primeiros bolos patenteados no país
Antes do 25 de Abril, não podia ser replicado noutras pastelarias. “Hoje, esse controlo já não é feito, além de que a sua composição vai sofrendo variações nas diferentes pastelarias”, explica João Pedro Carvalho. Com efeito, desde a sua criação e devido ao seu sucesso, esta especialidade rapidamente começou a ser “copiada” por outras pastelarias, sendo que, atualmente, se podem encontrar bolos semelhantes com designações diferentes por todo o país. “Mas claro que o original é sempre o melhor; haverá sempre outros espaços a imitar, mas a essência e originalidade do produto vem desta casa; a tendência é tentarem combater pelo preço, recorrendo a ingredientes mais baratos”, acrescenta.
7. Os maiores são os mais vendidos
Dos dois tamanhos existentes, são os cartuchos de maior dimensão os mais procurados. “E alguns clientes dizem mesmo que ainda deviam ser maiores”, confidencia João Pedro Carvalho, dando conta que os mais pequenos costumam ser consumidos como “complemento”. Os seus preços variam entre 1,20 e 1,90 euros.
8. Também há bolo de aniversário de cartuchos
Tem dado origem a outros produtos, como o bolo de cartuchos, que consiste na disposição de um conjunto de cartuchos em número e forma variáveis. Como são cilíndricos, encaixam perfeitamente numa circunferência, fazendo o formato do bolo, que fica de fácil consumo, uma vez que não necessita de ser cortado como um bolo tradicional.
A Pastelaria e Confeitaria Ramos existe desde 1929, sendo uma das mais antigas produtoras de ovos-moles da cidade de Aveiro. Apresenta uma imagem que, embora venha sendo renovada, valoriza a tradição que fez dela um sucesso. Além das diversas iguarias que a distinguem, esta pastelaria destaca-se pela simpatia e dedicação dos seus funcionários. A sua localização privilegiada, na principal artéria da cidade, faz deste espaço um ponto de paragem obrigatório para quem quer conhecer as tradições aveirenses.