Há, por estes dias, um elemento novo a dominar a paisagem do salgado aveirense. Imponente e elegante, ergue-se acima das pirâmides de sal e, sempre que o tempo o permite, vê-se refletido no espelho de água das marinhas. O NRP Sagres navegou, pela primeira vez, Ria adentro, até à cidade de Aveiro, tendo atracado no Cais do Sal, junto ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada.
No âmbito das comemorações do Dia da Marinha, a icónica embarcação está, a partir de hoje, aberta a visitas, uma oportunidade ímpar para todos os que queiram conhecer a história deste navio, perceber a missão que assume no seio da Armada e desvendar como é o dia a dia a bordo.
Até ao dia 20 de maio, a Sagres pode ser visitada entre as 10h00 e as 12h00, das 14h00 às 18h00 e, à exceção dos dias 15 e 17 de maio, das 20h00 às 22h00. O dia 14 (amanhã) é exclusivamente dedicado à visita das escolas.
Construída em Hamburgo (Alemanha), a Sagres foi lançada ao mar, em outubro de 1937, com o nome Albert Leo Schlageter – militar alemão da Primeira Guerra Mundial que se tornaria figura de culto do regime nazi – e com a missão de servir a Marinha germânica como navio de instrução. Passou boa parte da Segunda Guerra Mundial atracada em Kiel, no norte da Alemanha, mas, em 1944, voltou a navegar. Nesse mesmo ano, durante uma viagem de instrução e transporte de tropas no Mar Báltico, embateu numa mina, ficando com a proa seriamente danificada. Terminada a guerra, foi tomado pelas forças norte-americanas que, em 1948, o cedem à Marinha do Brasil pelo valor simbólico de 5 mil dólares. A partir daí, passaria a ser conhecido pelo nome Guanabara, a célebre baía do Rio de Janeiro. Em 1962, foi adquirido pela Marinha portuguesa com o intuito de vir substituir o veleiro-escola do mesmo nome – Sagres –, construído em 1896, passando a assegurar a formação marinheira dos cadetes da Escola Naval.
No âmbito das suas missões, a Sagres cumpriu já três viagens de circunavegação, a mais recente das quais em 2010. Em janeiro de 2020, largou do porto de Lisboa com o objetivo de completar aquela que seria a sua quarta volta do mundo, em homenagem aos 500 anos da circunavegação de Fernão de Magalhães, mas viu-se obrigado a interromper a viagem por conta da pandemia de Covid-19.