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Tiago Fonseca: o seu segundo nome poderia ser sensibilidade

Artes

Definir uma fotografia perfeita não é tarefa fácil. De objetivo tem pouco, e de absoluto nada tem. Mesmo assim, Tiago Fonseca, 33 anos, natural de Santa Maria de Lamas, arrisca destacar alguns elementos que ajudam a construir uma captação próxima da ideal: as cores, os contrastes preto-branco e de luminosidade. Estarão, então, reunidas as condições para uma reflexão rigorosa da realidade? Talvez. O que é certo é que se conseguiu que uma boa conversa acontecesse, no final de um dia de outono em que, para lá das janelas, a escuridão nos devolvia o foco para o momento que nos deu a conhecer o seu imaginário, a génese da fotografia na sua vida, projetos que tem desenvolvido e ambições.

Talvez possamos dizer que se tenha tratado de um começo a dois, uma vez que foi em casal, em plena lua de mel, que decidiu que passaria a dedicar-se à fotografia nos tempos que se se seguiram. Decorria o ano de 2016. “Foi na lua de mel que começamos a pensar nisso. Como nunca tinha encontrado uma coisa que realmente gostasse de fazer, decidi arriscar”, conta. “Quando chegamos, comecei a procurar livros e, a partir daí, comecei a fazer as coisas devagarinho”, acrescentou.

O próximo passo foi inscrever-se num curso de fotografia, no Instituto Português de Fotografia - IPF -, a partir do qual desenvolveu grande parte do trabalho na área, muito dele ainda por publicar, algum do qual partilhou connosco e outro tanto publicado na sua página de Instagram (@tiagojffonseca).

Como nos explicou, a fotografia não esteve de todo ausente durante o seu crescimento. Embora com menos dedicação, quando ía de férias com os amigos, não faltava, como companhia, uma câmara “do tipo point and shoot”. Com o tempo, acabou por perder o interesse em “andar a disparar” e fez uma pausa para descansar daquele que se viria a revelar um futuro relacionamento.

Reconciliado, várias são as formas que tem de registar o que quer registar, intencionalmente ou não. “Há projetos que são planeados, com princípio, meio e fim. E há o sair à rua e ir disparando. Depois, ao ver as fotografias, encontro alguma coisa em comum entre elas. Pode até nem ser a mensagem, mas a estética”, comenta. Nestas aventuras, nem sempre o processo é linear. Tiago deu o exemplo de uma das vezes que foi fotografar ao Porto: “Houve uma senhora que disse que não . Pedi desculpa e segui em frente. Quando isto acontece, apago a fotografia, nem levo a mal. Tento evitar o confronto, porque não é uma coisa que goste. Não acontece frequentemente”, partilha.

Já lá vão três anos de maior crescimento e maturação da sensibilidade à imagem. Entre os trabalhos que desenvolveu, e que gostaria de continuar a desenvolver, o fotógrafo destaca uma categoria onde gostava de inserir-se: “a área documental”, que consiste em “estar bastante tempo num sítio a tentar fotografar o máximo possível”. Uma das suas referências nesta área é o fotógrafo Mário Cruz. Tiago dá o exemplo do livro Talibes – Modern-day Slaves-, que contém 77 fotografias que retratam a realidade da escravidão infantil no Senegal e Giné-Bissau. “Não digo que gostava de ir para o Senegal fazer isto, mas gostava de fazer trabalhos deste género. Não necessariamente virado para o conflito”, comenta.

Quanto à metodologia que adota quando está de câmara em punho, assume não haver, muitas das vezes, uma pré-conceção da fotografia que quer fazer. No entanto, há princípios que são comuns quando a avidez da captação o toma em campo: “Tenho tendência a fotografar as coisas direitas: tipo linhas verticais e horizontais. Acho que isto é por causa do cinema, de eu ver muitos filmes”, comenta.

Há também alguns princípios que tem em linha de conta para o caso da luminosidade: “Gosto do tipo de luz mais dramática, quando há um contraste muito grande entre duas situações em que se consegue apanhar só a parte da luz e o resto fica escuro”, partilha. Reunidas estas condições, o passo seguinte é igualmente importante: o da escolha do que recolheu, até porque, como expôs, “o mais difícil não é fotografar, é escolher as fotografias”. Neste aspeto, os fatores a ter em conta variam consoante o trabalho que está a desenvolver.

Influências: um código de preferências em atualização

Entre a natureza e a cidade, a escolha é óbvia: a segunda opção. Mas só há pouco tempo é que o é: “No início era o contrário. é preciso paciência e editar muito. É mais difícil do que parece, à primeira vista, mas acho que o desafio é maior a fotografar cidades. Era uma coisa que eu não estava habituado a fazer. Neste momento gosto mais disso”, conta. O ponto de viragem desta preferência deu-se ao longo dos dois anos do curso, onde abordou temas que, para além da técnica, lhe permitiram desenvolver “trabalhos mais consistentes”.

No decorrer da conversa ficou claro que o cinema teve - e tem - um papel importante na sua construção. Neste sentido, imergimos nesta que é a sétima arte, em busca de referências e influências. Mais do que filmes, destaca realizadores que tem como exemplares no que diz respeito aos trabalhos que publicaram: entre eles, Ingmar Bergman, dramaturgo e cineasta sueco, de quem destaca o filme “Persona”, que classifica como “espetacular”; Frederico Fellini, cineasta italiano; Lars von Trier, dinamarquês; Michael Haneke, austríaco; os irmãos Joel e Ethan Cohen, estadunidenses, e Paul Thomas Anderson, norte-americano, que considera ser “o melhor realizador da atualidade”.

O tempo que passou no IPF foi preenchido com projetos que lhe permitiram abordar temáticas diversas. No primeiro ano, por exemplo, desenvolveu o tema da morte. No segundo, trabalhou com áreas como arquitetura, moda, entre outras. Nesta fase, o que mais o marcou foi a Fotografia de Autor, por ter tido mais “espaço” para trabalhar as suas preferências, e o Fotojornalismo.

Aprofundamos o projeto do primeiro ano. Daqui, Tiago enuncia, a título de exemplo, a ligação entre o estado de espírito e a influência da música na indução do mesmo, que permitiu com que se expressasse melhor naquele projeto. Um fenómeno em cadeia, como se pôde averiguar: “Usei a música para que me transmitisse o estado de espírito que eu queria transmitir para a fotografia”, expõe. Naquele caso era a melancolia. Afinal, que música foi essa, que culminou no trabalho que nos revela de forma inédita? “Casimir Pulaski Day”, de Sufjan Stevens, na qual há um contraste entre a melodia, que é “alegre”, e o poema musicado, que é “triste”. Foi esta a relação que tentou imprimir naquele conjunto de fotografias, composto por imagens captadas “uma de cada vez”, de si e de outros elementos, como pássaros, a lua, entre outros. Para além disto, o filme “Magnólia”, de Paul Thomas Anderson, desempenhou também um papel importante na construção desta realidade “provocada”.

“Sabia quais eram os objetos que queria fotografar de forma a transmitir a mensagem. Decidi ir para a praia, porque também transmite alguma solidão, principalmente quando está vazia. Ao amanhecer, os tons de azul transmitem tristeza. Os pássaros, que aparecem na última fotografia, indicam o caminho a seguir: sempre para a frente”, comenta.

Ainda neste período, realizou trabalhos em cinema. Destaca uma curta-metragem que realizou, de nome “Silêncio”, cuja temática é a depressão e suas consequências, demonstrando “como é que coisas que não controlamos podem ter impacto na nossa vida”. “A ideia da curta é ‘mostrar’ alguém que comete um homicídio e sofre de uma perda de memória temporária”, pode ler-se na memória descritiva do projeto. Durante a peça de quatro minutos, a personagem “procura o silêncio e a paz, que desapareceram, levando-o a tomar decisões irreversíveis”, acrescenta. Este trabalho será exibido, no mês de fevereiro, no Fantasporto 2020 - Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto.

As primeiras conquistas: o retrato de uma aldeia Maya

A construção do fotógrafo, tal como qualquer outra construção, dá-se ao longo do tempo. Neste caso, com o tempo, aumentam as referências, as curiosidades e a maturidade com que se aborda determinada realidade, que começa a refletir-se nos registos que surgem do cuidado e da crescente sensibilidade. Remontamos ao tempo em que Tiago viajou até ao México. Foi aí, e a partir daí, que se deu a recolha de imagens que mais tarde viriam a trazer-lhe uma recompensa: o seu primeiro prémio em Fotografia. “Fizemos uma visita a uma aldeia Maya, onde havia pessoas a cozinhar e crianças a correr de um lado para o outro. Um estilo de vida talvez mais tradicional, e eu ia fotografando”, conta. Entre as fotografias que captou, três delas submeteu-as a concurso, entre as quais uma fotografia de uma menina apoiada numa cama de rede e de olhar distante.

https://www.instagram.com/p/Bmq1FTnn3zn/

“Nessa fotografia, o que eu gosto é o facto de não se ver praticamente mais nada lá dentro - e está cheio de gente lá atrás -, a não ser a cara da menina, que parece que está triste. Não faço ideia de como é que ela se sentia, mas também não deve ser muito engraçado ter todos os dias turistas a entrar pela casa adentro”, comenta. “A fotografia funciona por causa da cor, das cores fortes que contrastam com a cara dela, mais triste, o olhar distante e a escuridão por trás, onde se vê quase nada. Metade da cara iluminada, outra metade mais escura. Isso ajuda a dar volume à fotografia. Esse é um exemplo do tipo de luz que eu gosto”, acrescenta.

É com esse registo fotográfico que vence o primeiro prémio no concurso “Eu Fiz o Mochilão na América Latina”, promovido pela revista Volta ao Mundo e organizado pela FIL/BTL - Feira Internacional de Lisboa/Bolsa de Turismo de Lisboa - e pela Casa da América Latina. Embora apenas uma tenha sido premiada, outras duas foram enviadas. E, para além destas, tantas outras havia, mas que “não tinham a mesma carga, o mesmo impacto”. Porém, pesaram na decisão que culminaria em três fotografias-retrato de crianças da mesma aldeia. “Como tinha que escolher três, e as que mais gostava eram todas da aldeia Maya, decidi enviar as três dessa aldeia”, partilha.

Agrações: Uma viagem pela solidão

Durante toda a conversa, estivemos acompanhados por três montes de fotografias a preto e branco, que Tiago trouxe de casa: dois dos quais de dimensões 18 x 24 cm e um deles de 13 x 18 cm. O que nos trariam aqueles pedaços de papel à conversa? Mais do que registos da realidade de uma aldeia algures no norte de Portugal, de nome Agrações, tratavam-se de impressões da solidão de todos os dias dos oito habitantes que vivem de forma permanente naquele pedaço de terra. Tentamos perceber como viria a surgir aquele trabalho no seu percurso e o que pôde vivenciar com ele. “Tinha que apresentar um projeto final para acabar o curso, e a única coisa de que tinha a certeza era que queria fazer um trabalho longo”, conta.

Posto isto, começa o desafio de encontrar algo cujos moldes se enquadrassem nos requisitos que estabelecera a priori: “um trabalho longo e documental”. “Tinha tido uma primeira ideia, que era seguir uma banda. Na altura, entrei em contacto com uma e queria fotografar concertos, se eles fossem beber um copo, ensaios e ir ter com eles um dia. Essa banda era de Barcelos. Certa altura, foram tocar a Aveiro e a nossa ideia era passarem por Santa Maria da Feira, apanhavam-me e eu fotografava a viagem. A ideia seria fugir à fotografia de concerto e fazer um tipo de fotografia documental”, expõe.

Não correu como previu: a banda não teria um volume de concertos que lhe permitisse uma recolha de material vasta. Seguiu com uma segunda hipótese: “Pensei fotografar o bairro piscatório de Espinho, retratando a Arte Xávega. Falei com o responsável pelo Fórum de Arte e Cultura de Espinho. Disse-me que me apresentava às pessoas todas”, partilha. Mas, apesar da recetividade à sua ideia, mais uma vez percebeu que não teria possibilidade de reunir de forma consistente o material que precisaria para compor o trabalho final. Desta vez por causa da incerteza subjacente ao ato da pesca, porque, por exemplo, “se estivesse mau tempo, eles não saíam”, o que impedia que pudesse contar apenas com a sua disponibilidade. “Se fosse sem uma data limite para apresentar o trabalho, tudo bem, mas, como tinha uma data limite, ía precisar de controlar alguns fatores. Como ía ter muitas variáveis fora de controlo, decidi começar a explorar outras coisas. Após alguma pesquisa, encontrei Agrações”, comenta.

Chegamos ao cimo da montanha. Como se, por alguma razão, todo o percurso de Tiago se alinhasse de forma a culminar naquela “aldeia esquecida, que sofre do mesmo mal de muitas outras pelo nosso país fora: com uma pequena população envelhecida, sem empregos, sem qualquer tipo de infraestruturas ou condições para uma população mais jovem e com outros interesses”, inexistência de “saneamento básico nem água canalizada”, onde “quando alguém morre, tem de ser transportado de trator” e onde “há mais animais do que pessoas”, como escreveu na memória descritiva do projeto a que deu o nome “Buraco”, que surge de uma das conversas que teve com uma habitante daquele local. “A ideia não era fotografar Agrações, a aldeia em si, mas o tema: a desertificação e o despovoamento do interior. A partir daqui, o desafio foi encontrar uma aldeia que encaixasse dentro do que eu queria”, conta.

Encontrado o alvo do trabalho, trata de agendar a primeira visita àquele que viria a ser o seu material de estudo. “Falei com a presidente da Junta , que me levou lá uma primeira vez para conhecer as pessoas, pessoa a pessoa. No primeiro dia, houve um senhor, o senhor António, que me deu logo o número de telemóvel para lhe ligar quando chegasse lá. Eles foram impecáveis”, partilha. Aos oito habitantes da aldeia, ficou apresentada aquela que seria a sua companhia nos três meses que se seguiam: “Logo na primeira visita, tive a companhia da minha esposa, o que me fez perceber que a sua companhia permitiu colocar as pessoas menos atentas ao ato fotográfico, criando momentos mais naturais, e, ao mesmo tempo, dando-me acesso a locais que, provavelmente, teria o acesso mais dificultado indo sozinho”, lê-se na descrição escrita do trabalho. “A partir daí, fiz sempre as visitas acompanhado”, acrescenta.

Nas cinco visitas que realizou ao então “novo mundo”, muitas foram as vivências que a memória guardou, mas que a lente não pôde captar: são disso exemplo as conversas que teve com a Dona Ilda. “A primeira vez que nós estivemos lá, ela só falava e chorava. Não tirei nenhuma fotografia à senhora a chorar porque não acrescentava nada ao objetivo do trabalho, nem explorava o que eu queria explorar, que era a solidão. Isto foi no primeiro dia, porque nos outros já estava animada”, partilha. “Vê-se que eles têm necessidade de falar, principalmente com pessoas que não são dali. Fiquei admirado de, logo no primeiro dia, ela me dizer para entrar em casa dela. Isso demonstra que as pessoas estavam relativamente habituadas a lidar com pessoas a irem lá fotografá-las”, acrescenta.

https://www.instagram.com/p/B0ePN_LhBWV/

Houve, no entanto, muitos outros momentos que ficaram reportados. Por exemplo, uma das vezes que a Dona Ilda entrava em casa. Melhor dizendo: duas das vezes em que isso aconteceu. Trata-se de uma fotografia, que acabou por ser replicada, uma vez que a primeira não ficou bem. O importante é que à segunda foi de vez: “Eu tinha uma fotografia parecida com esta, que era dela a entrar em casa. Parece impossível, mas é verdade. Não vou dizer que foi de propósito, porque tive sorte. Eu sabia o que queria apanhar, mas acabou por sair assim. Na fotografia anterior, ela estava também a entrar em casa. Só que aparecia a Daniela de lado. Ainda tentei editá-la, mas a senhora já não ficava no centro da fotografia. Fiquei com aquela imagem na cabeça e a pensar: da próxima vez que ela estiver a entrar em casa, fotografo a mesma situação. Dada altura, vejo-a a entrar em casa. Lembrei-me da fotografia que não tinha ficado tão bem e, em vez de pedir à senhora para esperar, levantei a câmara e disparei. Ficou assim. Teve a ver com a senhora ter passado numa zona entre luz e sombra, e ficou com o contorno”, partilha.

O quarto mês do projeto foi reservado para a revelação e impressão das fotografias. “A minha primeira ideia era fazer tudo em analógico, como tinha aprendido”, comenta. E assim foi. Não deu espaço para grandes complexidades, mas ao rigor. O primeiro passo é sempre a revelação. Só de seguida se faz a impressão. E se não se tem uma gráfica ou estúdio, ter-se-á um armário no qual se possa entrar, conferindo assim a escuridão necessária ao processo de revelação, um procedimento que tanto “tem coisas terapêuticas, em que se está ali e ninguém chateia”, como tem “alturas em que apetece largar tudo”, assim que o cansaço vence. “Sempre que o fazia, ía para dentro de um armário escuro e desligava as luzes todas - porque não pode entrar luz . Isto, qualquer pessoa pode fazer em casa. As impressões é que já requerem mais equipamento”, conta.

Apesar da “poesia” do procedimento, que consiste em criar uma imagem (quase) a partir do nada, este pode ser lento e envolve um conjunto de escolhas até ao resultado final. Numa primeira instância, para que a imagem surja do filme, ou negativo, é necessário um revelador, que é um químico. O manuseamento deste não é fácil, uma vez que “há muitos reveladores e há muitas formas de diluir os reveladores”. Neste processo, este passo é executado duas vezes: uma para revelar o rolo, outra para a revelação no papel. De seguida faz-se a impressão. “Lembro-me, no curso, que as aulas que tínhamos eram de quatro horas, e havia vezes em que nós, nesse tempo, imprimíamos uma fotografia. Também podia acontecer o contrário: em quatro horas imprimíamos três ou quatro”, recorda.

https://www.instagram.com/p/B0ie8PoA_vR/

“A primeira fotografia que vês, e que é tua, depois de a colocar no revelador, quando sai em papel, é espetacular. Nada mais traz essa sensação”, conta. Estavam impressas as fotografias, estava impressa a solidão que constitui Agrações, desde os rostos às próprias habitações. Como “conta” um dos registos do projeto, a esperança da vinda de um dia melhor não estava dissociada dessas pessoas. No caso da Dona Ilda, esta esperança também se materializava num “espaço para um pequeno altar”, em sua casa. Quanto ao que Tiago lá viveu, apesar do resultado se traduzir num saldo positivo, foi “mais duro do que estava à espera”.

Direcionamos, por fim, o olhar para o futuro. Procuramos saber até onde gostaria que a fotografia o leve: “Espero começar a fazer fotografia comercial - eventos, casamentos, entre outros -, com o objetivo de ganhar dinheiro para investir em projetos”, expôs. Para além disto, acrescenta, “gostava de trabalhar no Público, ou para a Visão. Ou até mesmo para Expresso”.

A esta lista de desejos, acrescem os lugares por onde gostaria de vir a ver-se de câmara na mão: “Gostava de voltar ao sudoeste asiático, porque se fosse lá agora, a saber o que sei hoje, acho que conseguia fotografias melhores. É um sítio onde quase que basta apontar e disparar, que é tudo bonito”, partilha. “Quando se vai para um sítio novo, temos tendência a fotografar mais e a sentir-nos mais motivados para explorar e acordar mais cedo. Ao mesmo tempo, não significa que se consiga melhor. Vamos é estar focados em coisas diferentes”, conclui.

* Créditos da foto de capa: Pedro Durão
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