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O que fazer em caso de sismo? Especialista da Universidade de Aveiro explica

Sociedade

O que fazer em caso de sismo? Podem ocorrer réplicas? Está o país preparado para este tipo de ocorrências? E a região de Aveiro? Foram estas algumas das questões que mais se ouviram ao longo das últimas horas, depois de ter sido registado um sismo, esta segunda-feira, em Portugal. Foram também estas as questões que a Aveiro Mag colocou a Rui Moura, investigador e docente da Universidade de Aveiro:

 

Podem ocorrer réplicas de um sismo?

Podem sempre ocorrer réplicas, no entanto, pelo que se tem observado as réplicas são muito mais baixas em termos de magnitude, rodam valores em torno de magnitude 1.

 

O que devem as populações fazer nestes casos?

Nestes casos, assim como em casos de sismos com intensidades maiores, as pessoas devem permanecer calmas, fazer por proteger a cabeça de objetos em queda. Poderão abrigar-se debaixo de um móvel forte ou de preferência em zonas estruturais fortes ou com alvenarias fortes. Devem afastar-se janelas e portas com grandes painéis de vidro. Não devem correr sob pena do comportamento colecivo provocar atropelamentos ou quedas assim como aumentar a exposição à queda de objetos ou pedaços das estruturas. Não devem usar elevadores. No exterior devem-se afastar das fachadas ou outro tipo de estruturas que possam ruir ou tombar.

 

O nosso país, e particularmente a nossa região, está preparado para estas ocorrências?

Eu diria que o país e a proteção civil têm feito um esforço para se preparar para a eventualidade de ocorrer um sismo forte. Tem havido alguns simulacros, principalmente na zona de Lisboa e tem-se feito algumas ações de sensibilização educativa junto dos mais jovens (por exemplo: a inicitiva A Terra Treme). Temos o IPMA que continua a fazer um excelente trabalho de monitorização e a comunidade da Engenharia Sísmica é bastante ativa e participou na elaboração do chamado código Europeu de construção anti-sísmica (Eurocódigo 8).

No entanto, é sempre possível fazer mais simulacros, divulgar melhor os comportamentos adequados junto da população civil, melhorar a rede sísmica a nível continental e ilhas e, por fim, implementar adequadamente as boas práticas de qualidade de construção anti-sísmica. Recorde-se que os sismos, por si só, não matam. Os edifícios, esses sim, é que causam ferimentos e em caso extremo provocam a morte, por vezes de famílias inteiras. Isto verificou-se, particularmente e de forma seletiva, no recente sismo de 6 de fevereiro de 2023 na zona Sul da Turquia e no Norte da Síria.

A região de Aveiro encontra-se bastante afastada da zona de maior sismicidade de Portugal continental, a zona a Sudoeste de Lisboa até ao Algarve. Esse afastamento, constitui por si só a nossa proteção uma vez que as ondas sísmicas obviamente atenuam com a distância de afastamento ao epicentro. Porém para respondermos ao que poderia significar os efeitos na região de Aveiro é necessário recordar o que foi descrito para sismo de 1755. Para a eventualidade de se repetir um sismo como o de 1755, o que no contexto da recorrência sísmica não é muito provável deveríamos, pelo menos fazer algum tipo de preparação e levantamento. Por exemplo, poderia ser feito um levantamento das estruturas mais frágeis e vulneráveis da nossa região as quais poderiam hoje sucumbir perante um evento sísmico extremo. Estimo que em função das descrições e dos efeitos de intensidade documentados poderáamos estar perante intensidades na ordem de VI a VII na escala de Mercalli. Um bom ponto de partida para poder aferir esses efeitos seria começar por voltar a analisar o que consta no famoso Inquérito, levado a cabo por Marquês de Pombal e que constituíram as chamadas Memórias Paroquiais de 1758.

Se em fenómenos de recorrência maior já a memória humana costuma ser curta imagine-se então o que se passa com fenómenos em que geração de hoje não tem qualquer experiência ou testemunho transmitido pelas gerações anteriores.

 

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