Já recebeu vários prémios e distinções, numa carreira que o levou a inúmeros cantos do país e do mundo, registando fotograficamente factos e figuras que marcaram a atualidade. Mais do que uma profissão, encara o fotojornalismo como uma missão. Uma forma de denunciar as injustiças do mundo, diz.
No dia 11 de janeiro, irá lançar mais um “grito de alerta” em forma de livro. Nas vésperas de apresentar “São Pessoas”, o aveirense Adriano Miranda falou à Aveiro Mag sobre a sua carreira, com especial destaque para este seu novo projeto, feito em parceria com Paulo Pimenta. São colegas no PÚBLICO - jornal no qual Adriano Miranda ingressou logo após concluir o curso de fotografia na AR.CO (Lisboa) – e partilham desse sentido de missão: usar a fotografia para alertar consciências.
Depois ter estado vários anos a trabalhar e a viver em Lisboa, Adriano Miranda regressou a Aveiro há 13 anos e, muito embora o fotojornalismo o leve a andar a viajar pelo país e pelo mundo, está cada vez mais ligado à sua terra natal. A sua participação ativa no projeto Lab Cívico de Santiago é disso testemunho: Adriano Miranda fez questão de dizer “presente” na hora de ajudar a construir uma melhor comunidade na sua terra.
Aos 53 anos, já com cerca de uma dezena de livros publicados e umas quantas distinções – entre as quais o Prémio Gazeta 2017 -, Adriano Miranda diz que ainda lhe falta “fazer tudo”. “Nunca estou contente com o que faço, nem me encosto à sombra de um prémio ou de um livro”, testemunha. “Enquanto houver miséria e injustiças no mundo terei sempre algo para fazer”, afiança.
Retratos da pobreza e exclusão
O seu mais recente projeto, o “São Pessoas” – que será lançado no 11 de janeiro (16 horas) em simultâneo com uma exposição, no Mira Forum, em Campanhã (Porto) – acabou por surgir de forma natural. “A ideia surgiu em conversa com o Paulo Pimenta e a partir daí definimos uma linha de trabalho e começámos a trabalhar”, revela o fotojornalista aveirense.
Neste livro, Adriano Miranda e Paulo Pimenta apresentam-nos cerca de 30 pessoas, residentes em vários pontos do país, de Bragança ao Algarve, que vivem em situação de pobreza. “São pessoas que levaram com os tempos da troika e que ainda não conseguiram endireitar a vida. Desde reformados, desempregados, pessoas sem rendimentos...”, enumera o fotojornalista aveirense. Neste livro também cabem “retratos” de casos de “isolamento, violência doméstica, toxicodependência... entre outros fatores que levam à exclusão e à pobreza”, acrescenta.
São pessoas, tal como indica o título do próprio livro, retratadas sem quaisquer pudores. “Foi algo que assumimos desde a primeira hora. Quisemos fotografar pessoas que dessem a cara, olhos nos olhos”, vinca o fotojornalista, a propósito da obra que conta com as colaborações dos jornalistas Ana Cristina Pereira, Camilo Soldado, Patrícia Carvalho e Mariana Correia Pinto (todos do PÚBLICO).
Enquanto aveirense, Adriano Miranda não esconde o desejo de trazer a exposição e o livro “São Pessoas” até à cidade da ria, existindo já uma manifestação de interesse por parte dos Trilhos da Terra. Enquanto isso não acontece, a proposta passa por assistir à apresentação no Porto. O livro está à venda pelo preço de 20 euros.
* Créditos da foto de capa: Artur Machado