A política aveirense viveu, nesta última semana, trocas de palavras e acusações mais intensas, deixando antever meses de aceso debate no município de Aveiro. PS e PSD não foram meigos na troca de galhardetes relativos à gestão autárquica e até o Bloco de Esquerda veio a terreiro dizer de sua justiça. Sinais de umas eleições autárquicas que se aproximam a passo rápido e que, indubitavelmente, irão ficar marcadas por mudanças na gestão da câmara municipal – Ribau Esteves atingiu o limite de mandatos.
Tudo começou no passado dia 5 de outubro, data escolhida pela Comissão Política Concelhia de Aveiro do PS para inaugurar uma exposição evocativa do “legado material e imaterial da governação socialista”, liderada por Alberto Souto, entre 1997 e 2005. Em declarações ao Diário de Aveiro, Paula Urbano Antunes, presidente da concelhia, fez questão de sublinhar que, “a gestão do PS foi um marco, deixou uma cidade e um município completamente diferente”. “Muitos só falam na dívida, mas é um legado que muito nos orgulha e que queremos mostrar, sobretudo às gerações mais jovens”, acrescentou.
A concelhia do PSD não tardou a reagir, classificando esta exposição “um ato mentiroso”. “O PS Aveiro, lamentavelmente, continua preso e preocupado com o passado, em recuperar o seu antigo presidente, que tanto prejudicou Aveiro e os aveirenses, em vez de procurar as soluções para o futuro. O PS parou no tempo, não tem soluções novas e procura dar vida nova a um mau passado”, criticou Simão Santana. Em nota de imprensa, o presidente da concelhia do PSD foi mais longe, dizendo que “este ato e outros que sucederam, têm como objetivo reabilitar politicamente Alberto Souto, criando uma imagem diferente daquela má que deixou, um alter ego, com claros objetivos políticos futuros”.
Quem também acabou por vir à praça pública comentar a exposição sobre o “legado de Alberto Souto” na sede do PS foi o Bloco de Esquerda, metendo igualmente o PSD ao barulho. Para os bloquistas, o gesto do PS e a “consequente reação do PSD mostra como os partidos do centrão em Aveiro representam uma linha de continuidade, sem alternativa e sem soluções para as graves crises que a população aveirense enfrenta, nomeadamente na habitação, na falta de oferta de transportes públicos, de falta de apoio social e dos efeitos decorrentes de uma crise inflacionária recente e ainda na ausência de resposta às alterações climáticas”.
Em jeito de remate, o BE considerou que “estas iniciativas do PS e do PSD inserem-se claramente na antecâmara das eleições autárquicas do próximo ano e mostram como, tanto o PSD como o PS, estão aprisionadas no passado e no culto de personalidades, esquecendo o futuro e quem vive e trabalha em Aveiro”. No entender dos bloquistas, “é preciso elevar o debate”.
A semana não terminaria sem um contra-ataque. Os socialistas vieram a público reparar que “o PSD Aveiro está muito atento às atividades do PS. Nós, na Comissão Política concelhia de Aveiro do PS, estamos muito atentos ao que se passa no nosso município e aos 19 anos de governação social democrata. Não temos tempo para nos debruçarmos sobre as atividades da concelhia do PSD Aveiro”, é referido numa reação publicada pelo site Notícias de Aveiro.
Já o próprio Alberto Souto escreveu, na sua página pessoal de Facebook: “O vento leva pelo ar comunicados apavorados e pouco sérios, mas não leva a realidade”. Começou a contagem decrescente para as Autárquicas de 2025.