A escrita sempre esteve lá, em especial a partir da adolescência. Em prosa ou poesia, começou a escrever “sem pretensões”, para consumo próprio. Foi por causa dela que chegou a aventurar-se no mundo do jornalismo e da comunicação. E foi também ela, a escrita, que o conduziu ao doutoramento em Estudos Literários na Universidade de Aveiro, projeto no qual concentra, neste momento, todas as suas atenções.
Ainda a saborear o sucesso de ver publicado um livro da sua autoria na coleção “Elogio da Sombra” – coordenada por Valter Hugo Mãe, sob a chancela da Porto Editora –, Emanuel Madalena assume-se como um apaixonado pela escrita e um leitor compulsivo (em 2019, leu 164 livros).
Nascido em Aveiro, em 1986, é ele quem assina “Sob a forma do silêncio”, o nono livro da coleção que junta nomes como os de José Rui Teixeira, Isabel de Sá, Andreia C. Faria, Luís Costa, João Gesta, Fernando Lemos, Adolfo Luxúria Canibal e João Habitualmente. Um livro de poesia que representa a “quebra do silêncio” por parte do autor. Apesar de ter já publicado alguns textos e recebido distinções em prémios literários, este foi o livro estreia de Emanuel Madalena.
“A oportunidade para publicar este livro acabou por surgir de forma inesperada. Já tinha muita poesia escrita e foi uma amiga minha que falou ao Valter Hugo Mãe, coordenador desta coleção, sobre os meus poemas”, enquadra o jovem autor. Daí até obter o convite para publicar “Sob a forma do silêncio” não levou muito tempo.
O lançamento da obra aconteceu há poucas semanas, na cidade do Porto, sendo de esperar, para breve, uma apresentação em Aveiro. “Vai ter de acontecer. Tenho aqui a minha família e amigos e as pessoas quase me exigem isso”, destaca Emanuel Madalena.
Do curso de comunicação até ao doutoramento
Começou por estudar comunicação – primeiro, no ISCIA, onde se licenciou, e, depois no Porto, no mestrado de ciências da comunicação –, antes de o seu caminho se cruzar com os estudos editoriais e literários. “Acho que já fui para comunicação por causa do gosto pela escrita”, recorda. Mais do que um gosto, uma paixão, que Emanuel Madalena espera continuar a alimentar.
Em prosa ou poesia, é a escrever que se sente realizado. E se a vida assim o permitir, é nessa direção que quer continuar a seguir. Pondera dedicar-se “a um romance ou uma narrativa maior”. “Já tenho algumas ideias. Pelo menos, uma que vai ser quase que inevitável eu explorar”, revela, sem deixar de reparar que, por ora, todos os esforços estão concentrados no doutoramento.
A sua área de investigação centra-se na literatura para a infância e juventude, em grande medida devido à (boa) influência de uma docente. “A professora Ana Margarida Ramos conseguiu entusiasmar-me muito para a área e quando surgiu a oportunidade de fazer o doutoramento acabei por dedicar-me à literatura infantil”, conta o autor que não se imagina, por ora, a escrever um livro para crianças. “Na realidade, a literatura para a infância é o mais difícil”, avalia, reparando que o grande desafio passa por ter de “agradar a qualquer pessoa, incluindo às crianças”. “Tem de ser simples e sofisticada ao mesmo tempo”, sublinha.