O município de Ílhavo assinalou ontem, dia 6 de janeiro, no Laboratório das Artes Teatro da Vista Alegre, o 46.º aniversário da abertura da ponte da Vista Alegre, com uma sessão de apresentação do projeto para a nova ponte – a obra vai custar 1 milhão de euros e deverá ser lançada ainda no primeiro trimestre de 2025 – a exibição do documentário “A união fez a ponte”.
Edgar Brito, do gabinete Clanet & Brito, coordenador do projeto vencedor do concurso de ideias que o município de Ílhavo promoveu, no ano passado, com vista a encontrar a melhor solução para aquela travessia entre a Vista Alegre e a Gafanha da Boavista, tomou da palavra para apresentar os pormenores técnicos da nova ligação - terá o dobro da largura da atual, permitindo a passagem a todo o tipo de veículos, bem como a circulação de peões e ciclistas – bem como os pressupostos do processo construtivo.
De acordo com o projetista, “a atual ponte, apesar de ter este desenho maravilhoso, está num estado de degradação muito avançado – devido, sobretudo, à escolha dos materiais aplicados, o aço e a madeira – e apresenta graves problemas de manutenção, durabilidade e cumprimento de regulamentos estruturais”.
De forma a assegurar a preservação da memória da atual ponte, cuja construção muito se deveu à mobilização da população, sobretudo, a da Gafanha da Boavista, Edgar Brito avança que vão “utilizar a ponte existente como cimbre, isto é, como parte do processo de construção da nova ponte”. O engenheiro realçou ainda a intenção de “associar a tradição da porcelana da Vista Alegre à nova ponte”, não só “através das linhas delicadas, mas também na cor branca”. “Quisemos que a ponte se aproximasse tanto quanto possível com uma peça de porcelana pousada sobre o rio”, esclarece.
Seguiu-se a apresentação do documentário “A união fez a ponte”, uma obra que homenageia a dedicação e espírito de união das comunidades na construção daquela emblemática ligação, inaugurada em 1979, contando com os testemunhos de João e Teresa Reigota, Duarte Fradinho, Manuel Morgado, Graça, João e António Rocha, Carlos Vieira e José Brandão.
João Campolargo, presidente da câmara de Ílhavo, encerrou a sessão agradecendo às entidades presentes e elogiando o trabalho de “preservação da memória” que aquele documentário – uma produção conjunta do Centro de Documentação de Ílhavo e o gabinete de comunicação da câmara – representa. “Queremos que seja uma ligação funcional, adaptada às exigências da atualidade, que permita a fluidez do trânsito – nomeadamente, dos nossos bombeiros – com segurança e priorize as várias formas de mobilidade”, apontou. “Aguardamos que a obra seja lançada neste trimestre”, estima, convicto de que o projeto final estará concluído em breve.
De acordo com o edil, esta é uma obra que “pode chegar a 1 milhão de euros”, sendo que “o município tem capital próprio para assegurar este investimento que achamos cada vez mais urgente”. “Temos vindo a registar uma crescente degradação da ponte atual, com custos de manutenção elevados”, repara o autarca. “Estamos a evitar ao máximo o encerramento da ponte de forma a não causar constrangimentos às centenas de pessoas que todos os dias usam aquela ligação, mas o investimento semanal de verificação e reposicionamento das tábuas está a ficar financeiramente incomportável”, explica João Campolargo, justificando a decisão de dar início ao processo de construção de uma nova ponte – recorde-se que a atual ponte foi alvo de uma profunda obra de reabilitação, em 2015, na qual, entre outras intervenções, todo o tabuleiro foi renovado.
Conhecida, desde sempre, como “ponte da Vista Alegre”, a ligação manterá esta designação, “pelo menos, até à conclusão da obra e à inauguração da nova ponte”, garante o autarca.