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Julieta Aleluia: A poesia como forma de expressão

Literatura

Ozias Filho

 

Chama-se Julieta Aleluia, mas é como Josefa De Maltezinho que se apresenta aos leitores. Mais do que um pseudónimo, Josefa De Maltezinho é uma homenagem à sua avó paterna, de quem herdou o gosto pela escrita e a afeição pelas coisas boas da região algarvia. Aos 68 anos, esta aveirense faz da escrita um modo de vida e da poesia uma forma de expressão. “A poesia é expor os medos, os problemas, os receios, tudo o que está dentro de mim”, destaca a antiga professora do ensino básico, de 68 anos, em conversa com a Aveiro Mag.

Naquela manhã em que as páginas de jornais e as redes sociais ainda estavam inundadas de referências à poetisa de Adília Lopes - pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, que faleceu a 30 de dezembro de 2024 – a alusão à sua obra tornou-se inevitável. “Fiquei muito triste com a notícia da sua morte. Era uma mulher sem papas na língua e tinha uma escrita muito simples, mas ao mesmo tempo com muito dentro. É aquele tipo de escrita onde nos encontramos”, declarou.

Nascida no Porto, é Aveiro o local a que Julieta Aleluia chama de casa. É aqui que vive desde os 2 anos e é também esta a terra da qual sente sempre muitas saudades quando viaja. “Quando regresso, parece que estou a abraçar alguém de quem gosto muito”, conta-nos.

Ainda que só tenha começado a publicar os seus escritos depois de se aposentar como professora, a ligação aos livros vem de tenra idade. “Eu lia muito. A maior felicidade que tinha no Natal era receber livros”, confessa. “E também comecei a escrever muito cedo”, prossegue, antes de confessar que “entre os 13 e 14 anos” escreveu o seu primeiro romance. Lamentavelmente, o manuscrito acabou queimado na lareira lá de casa. “Eu andava a escrever e esqueci-me do resto, descurei um bocadinho os estudos porque estava sempre a escrever. Quando o meu pai viu as minhas notas ficou muito zangado e o livro foi para a lareira”, recorda. A história andava à volta de uma aventura, ao estilo das coleções “Os Cinco” e “Os Sete”.

Aos 17 anos, refere, começou a escrever poesia, género literário que lhe permitia deitar cá para fora aquilo que a ia “revoltando”, com a questão dos direitos das mulheres à cabeça. “A mulher era muito castrada”, evoca, recuando ao período anterior à Revolução de 1974. A pobreza também a inquietava (e inquieta). Recorda-se de um dia ter levado um miúdo para casa para que ele pudesse tomar banho. “Os amigos diziam que não o queriam por perto porque ele cheirava mal. Então, levei-o para ele tomar banho”, recorda. 

Dois romances e vários livros de poesia

Quando se reformou do ensino, aos 53 anos, Julieta Aleluia começou a levar a escrita mais a sério. “Comecei a reunir tudo o que já tinha escrito”, recorda. É por essa altura que surge a ideia de adotar o nome Josefa De Maltezinho. “Um dia precisei de um pseudónimo para mandar um livro para um concurso e achei que o nome da minha avó era o melhor nome que eu podia escolher. Era uma homenagem à mulher que ajudou a criar-me, depois de eu ter perdido a minha mãe”, enquadra. “Podia ter sido só para o concurso, mas achei que me ficava tão bem o nome da minha avó que resolvi manter”, acrescenta.

Em 2013, publica o seu primeiro livro, “Água Corrente”. A estreia aconteceu com a poesia, mas, poucos anos depois, lançava-se no mundo dos romances. “Maçã com bicho” foi o título da obra que apresentou ao público em 2016. “Naquela altura, havia muitos sem abrigo na cidade e era uma dor passar e vê-los ao frio, na rua. Conheci um deles e consegui que ele me fosse contando a sua vida dele e escrevi um livro a partir dessa história”, revela. 

A partir daí nunca mais parou. Seguiram-se mais cinco livros de poesia “Porque Um Rio Também Se Cansa” (2017), “Outoño Em Visita” (2018; editado em Espanha), “Uma Garfada De Sol No Umbigo” (2021), “Fracturas Expostas” (2022) e “Solidão Assistida ou A Brutalidade Do Quotidiano” (2024). Para breve estão previstas duas novas obras. O romance “As Mulheres Caem Do Céu” e o livro de poesia “Pela Lente Do Repórter”. Pelo meio, Josefa de Maltezinho conta com muitas participações em Antologias de poesia e prosa poética portuguesas e brasileiras.

Entre a poesia e os romances, Julieta Aleluia escolhe a primeira. “A escrita dos romances é aliciante porque temos personagens, podemos inventar as que queremos, dar o rumo que quisermos. É um tecer, como se tece uma manta, de uma história. E está na nossa mão dar-lhe o rumo que queremos. Mas precisa de muita pesquisa sobre os factos históricos. A poesia é um bocadinho mais livre. Faço um esqueleto da ideia, mas depois visto-lhe muitas roupas até dizer o poema está pronto”, testemunha

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