A Câmara de Aveiro apresentou, esta segunda-feira, em Aradas, o projeto da Casa de Memória – o novo Arquivo Municipal. Segundo explicou o seu presidente, Ribau Esteves, este era um projeto que estava incluído no quadro da Capital Portuguesa da Cultura, pelo que o seu orçamento teve que ser reformulado.
Tratando-se de um investimento na ordem dos 8,5 milhões de euros (integrado na intervenção futura referente ao Quarteirão de Artes e Cultura de Aveiro, no valor total de 16 milhões de euros), este pretende ser, de acordo com o edil aveirense, “um local de memória, mas também de vivência para a comunidade”.
A proceder à apresentação do estudo prévio deste projeto esteve o arquiteto Gonçalo Louro, dando conta que a sua empresa ganhou o concurso público com três princípios de intervenção: “tentar construir os diferentes edifícios de forma a que sejam módulos autónomos e tenham o seu funcionamento independente; dar o caráter público que se pretende a este conjunto – a ideia é criar o rompimento no interior do Quarteirão das Artes, criando uma rua como um espaço de interligação; e o terceiro princípio diz respeito a uma volumetria dispersa, para que o impacto desta intervenção no território faça parte da morfologia do lugar”, explicou o arquiteto. A ideia, reforçava, é que este “não seja apenas um espaço de arquivo, mas que seja mais dinâmico e participado pela população”. O projeto contempla uma área de intervenção de 26.000 metros quadrados, embora conte com uma taxa de ocupação de apenas 4.300 metros quadrados.
Na sua intervenção, Ribau Esteves criticou a “forma inacreditavelmente desajeitada”, como o anterior executivo tratou os arquivos municipais, “de forma muita idêntica ao lixo”. “Esse trabalho da nossa equipa técnica está terminado e, hoje, temos uma noção do material que temos e de qual a área que precisamos para o guardar e cuidar, para que possa vir a ser partilhado”, sustentava o autarca, acrescentando: “Já temos todo o espólio cadastrado e grande parte dele digitalizado. Agora que colocámos as contas da Câmara em ordem, o Arquivo está nas nossas prioridades; e foi por termos ganhado consciência desta nossa capacidade de cuidar do arquivo, que ponderámos integrar a Rede Nacional de Arquivos”.
Nesta cerimónia foi, então, assinado o acordo de adesão do município de Aveiro a esta rede. Silvestre Lacerda, diretor geral da Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, afirmou que vê esta adesão como uma forma de “ajudar a colocar Aveiro no mapa e potenciar a sua participação em dois projetos europeus” relacionados com esta área específica dos Arquivos. Para o dirigente, os Arquivos “podem servir como um excelente indicador da transparência das organizações”. “Muitas vezes, ‘andamos aos papeis’ e não conseguimos encontrar o essencial; e esta ideia de criar um arquivo municipal com técnicos especializados devia ser uma prioridade para se ter um melhor conhecimento sobre a comunidade”, atestava.
Esta cerimónia contou, ainda, com o lançamento da reedição da obra “Glossário do Sal”, de Diamantino Dias.