A Mesa da Assembleia Municipal de Ílhavo veio manifestar o seu “veemente protesto” relativamente à forma como foi conduzida a visita da Assembleia Municipal Jovem à Assembleia da República no passado dia 4 de fevereiro. Em carta endereçada ao presidente da Câmara Municipal, com conhecimento às direções de agrupamentos escolares e órgãos de comunicação social, o presidente da mesa, Paulo Pinto Santos, critica os moldes em que a referida foi feita, começando, desde logo, pelo facto de a deslocação a Lisboa ter ocorrido num dia “em que não houve sessão plenária na Assembleia da República, comprometendo o objetivo primordial da viagem, que era proporcionar aos jovens a experiência real do funcionamento do órgão legislativo”.
“A visita à Assembleia da República, que deveria ter sido o ponto alto da jornada, limitou-se a pouco mais de uma hora, sem que os alunos tivessem tido a oportunidade de serem recebidos por deputados. Tal facto comprometeu gravemente a experiência educativa e política dos jovens participantes”, aponta o social-democrata – recorde-se que a assembleia é liderada pelo PSD, ao contrário do que acontece na câmara, governada pelo movimento Unir para Fazer.
Outro dos reparos feitos por Paulo Pinto prende-se com o facto de não ter sido “providenciado almoço para os participantes, transferindo essa responsabilidade para os alunos e agrupamentos, quando a própria Assembleia da República poderia ter assegurado essa refeição”.
Atendendo a que “os alunos não viram o parlamento a funcionar, não se cruzaram com um deputado, não trocaram impressões com os nossos representantes e não enriqueceram de forma alguma o seu entendimento sobre a casa da democracia”, o presidente da Mesa conclui que o evento “serviu apenas para alimentar o ego do Presidente da Câmara, que demonstrou, de forma evidente, a sua irrelevância política e a sua incapacidade para mobilizar os recursos da democracia ao mais alto nível. Uma deceção para os jovens. Uma vergonha para a Câmara Municipal”.
Contactado pela Aveiro Mag, o presidente da autarquia, João Campolargo, respondeu por escrito, manifestando “surpresa face ao comunicado enviado ontem à noite pela Assembleia Municipal de Ílhavo sobre a visita à Assembleia da República, considerando que, há apenas cinco dias, a própria AMI publicou na sua página de Facebook um post sobre a visita com um teor completamente distinto”. “Perante esta discrepância, entendemos que cabe à comunicação social questionar a Assembleia Municipal de Ílhavo sobre a coerência da informação transmitida”, retorquiu, anexando cópia do referido post.
Em causa está uma publicação partilhada na página da Assembleia Municipal, acompanhada por uma foto do grupo em frente ao parlamento, onde é referido que esta foi “uma experiência enriquecedora para o seu [dos jovens envolvidos] percurso como cidadãos ativos e participativos”.
Trata-se de “um post típico de uma atividade habitual”, começa por argumentar, em declarações à Aveiro Mag, Paulo Pinto Santos. “Já a carta aberta, contém uma posição política da mesa da assembleia, posição essa que fizemos de apresentar nos fóruns próprios, de forma transparente e junto de todas as entidades envolvidas, Câmara Municipal e agrupamentos de Escolas”, conclui.