Juan Alijas, uma das figuras do basquetebol do Illiabum Clube dos últimos 25 anos, espera que seja possível, num curto espaço de tempo, encontrar uma direção que “consiga trazer de volta a mística de antigamente e envolver toda a cidade no apoio ao clube”.
O antigo jogador da formação de Ílhavo, nascido em Espanha a 3 de julho de 1973, e hoje árbitro dos quadros do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Basquetebol, não esconde o carinho que tem pelo clube daquela que é a sua cidade, e acredita que existem condições para voltar a encher o pavilhão capitão Adriano Nordeste como acontecia nos tempos em que jogava.
“Na altura tínhamos muitos jogadores de Ílhavo na equipa sénior, como o José Rafeiro, o Nelson Sousa e o Nuno Teixeira, e essa presença de atletas da terra criava laços e atraía muita gente”, recorda. Juan Alijas reconhece que não é uma tarefa fácil e considera fundamental o envolvimento de todos os que gostam do Illiabum.
O antigo jogador, mesmo afastado do dia a dia do clube, por força da sua atividade enquanto árbitro, tem algumas ideias que gostava de ver implementadas. “Era importante realizar ações nas escolas junto dos alunos, lançar o convite às crianças para assistirem aosjogos de forma a atrair os pais, procurar novos investidores e apostar na formação para que seja possível reforçar a presença de jogadores da cidade no plantel sénior.
Alijas aponta o exemplo do Clube do Povo de Esgueira que tem conseguido criar uma dinâmica muito interessante que capta a atenção e o carinho dos adeptos. “Dá muito trabalho, mas tem que se tentar tudo para voltar a trazer gente ao pavilhão”, afirma.
O Illiabum Clube, recorde-se, é gerido por uma comissão administrativa, liderada por Pedro Rosa Novo. A comissão foi criada no verão do ano passado para ultrapassar a ausência de listas concorrentes ao ato eleitoral. Um vazio diretivo que acontece, curiosamente, pouco mais de um ano depois da equipa de basquetebol do Illiabum ter assinado a página mais rica do seu palmarés ao conquistar a Taça de Portugal, derrotando, na final, o Benfica.
Rendido aos encantos de Ílhavo
Juan Alijas chegou a Ílhavo em agosto de 1996, descoberto pelo professor Carlos Gouveia no Baloncesto León, da segunda liga espanhola, numa altura em que o basquetebol português vivia uma fase de grande pujança “Eu tive a sorte de jogar numa altura em que a Liga Profissional estava no auge, com grandes jogadores, americanos de qualidade acima da média,e a televisão a acompanhar a competição, recheada de excelentes equipas”, sublinha. A seguir veio um período de crise.
“Faltou o dinheiro e o basquetebol sofreu. A qualidade do jogo desceu e teve reflexos no interesse do público. Os últimos anos são de recuperação. Novos canais passaram a transmitir jogos e as plataformas digitais quer da Federação Portuguesa de Basquetebol, quer da Associação de Basquetebol de Aveiro, possibilitaram a transmissão de jogos e a promoção da modalidade.
Juan Alijas destaca também a melhoria registada no sector da arbitragem de que atualmente faz parte. “Nos tempos em que jogava tínhamos alguns excelentes árbitros, mas em termos gerais faltava muita formação. Esse trabalho está a ser feito e já se notam os resultados. A entrada do IRS, o VAR do futebol, também veio ajudar a reforçar a verdade desportiva o que contribui para credibilizar ainda mais a modalidade”, destaca.
Quando começou a jogar basquetebol com os seus amigos da escola, aos 10 anos, no Elosua León, Juan Alijas não imaginaria certamente que os caminhos do basquetebol o levariam até ao concelho de Ílhavo. “Fiquei porque na altura o clube era como uma família e adorei a região, sobretudo as praias da Barra e da Costa Nova, explica, satisfeito com a opção tomada. Quem o viu em competição recorda um jogador elegante, tecnicamente evoluído e mortífero nos lançamentos de longa distância.