Beatriz Marinho e Filipa Silva
Sozinn é o alter ego de Pedro Soares, artista de 22 anos, de Oliveira de Azeméis, que tem mostrado vontade de se afirmar no panorama nacional musical. Começou a sua jornada pela música aos 16 anos, aquando iniciou estudos na Academia de Música de Oliveira de Azeméis. Neste momento faz parte da Bewave Records, uma produtora musical independente oliveirense, com a qual já deu vários concertos. Em janeiro lançou o seu álbum de estreia “Siddhārtha Gautama” e agora prepara-se para novos desafios, tanto em palco, como em estúdio. A Aveiro Mag esteve à conversa com o artista para desvendar mais sobre o seu percurso e perceber os seus planos para o futuro.
Sei que começaste por cantar João Pedro Pais pela casa, quando eras mais novo, mas explica-nos melhor como e com que idade é que a música começou a ganhar mais significado para ti?
Sim, a primeira memória que tenho é essa, de andar pela casa a cantar João Pedro Pais, um bocado graças aos meus pais. Depois disso a música começou um bocado quando entrei para a Academia de Música de Oliveira de Azeméis, onde fui tocar saxofone, do meu quinto até ao décimo ano. O fim dessa jornada na Academia bateu mais ou menos certo com o momento em que comecei a fazer música, em 2019, em que fiz a minha primeira música para um familiar meu que tinha morrido. A partir daí, entretanto criou-se a Bewave Records e foi sempre a continuar.
João Pedro Pais não tem muito a ver com o que fazes agora. Quais é que foram as influências que foste tendo até chegar ao Sozinn e a que se deve este nome?
Isso é uma boa pergunta. (Risos) Antes de mais o Sozinn deve-se a toda a gente me tratar por Soares. Eu queria alguma coisa relacionada com isso, mas ao mesmo tempo, também ter um nome mais artístico. Entretanto queria meter Soz, mas havia um jogador de qualquer coisa, que já nem me lembro bem, que tinha esse nome. Então, optei por outro, e fui buscar o Sozinn, porque na altura até achei que isso dava para muita coisa, Sozinn de “só assim”, de “saucing” e acabou por soar bem e ficou.
Como é que se passa de estudar direito em Coimbra para lançar um álbum?
Na verdade, o álbum surgiu muito por causa dessa fase da minha vida, em que eu não terminei o curso. Saí no fim do terceiro ano, porque não estava a gostar, apesar de adorar a cidade, mas não me estava a identificar nada com o curso em si. E nessa altura passei um bocado mal mentalmente. Principalmente o segundo ano foi bastante complicado, e foi aí que o álbum começou a nascer, porque queria encontrar paz para a minha cabeça. Fiz então a minha primeira música, a Cinza, a primeira faixa do projeto, e a partir daí foi toda uma nova jornada até ao final do álbum.
Fazes parte da Bewave Records, uma produtora musical independente, também de Oliveira de Azeméis. Explica-nos como surgiu esta oportunidade e o trabalho desenvolvido por estes 14 elementos que compõem a equipa.
A Bewave nasceu em 2020 e foi o Nvndez, um artista também lá de Oliveira, que me convidou, na altura nós juntámos cerca de sete artistas, malta de multimédia, marketing, produção e basicamente queríamos criar um grupo para ajudar a impulsionar a nossa cena, para criarmos e crescermos juntos, no fundo foi por aí.
No final de janeiro lançaste o teu primeiro álbum, que por acaso tem um nome bastante interessante. “Siddhārtha Gautama” é um buda, que foi um príncipe, que nasceu na zona sul do Nepal, que acabou por renunciar o seu lugar ao trono e tornou-se mestre espiritual, ajudando as pessoas a encontrar o seu caminho para o “despertar”. Pergunto-te se este álbum é também o teu despertar para o caminho que queres seguir e se queres ajudar também quem te ouve a encontrar essa “luz”?
Como eu já tinha dito, a ideia do álbum começou por eu sentir a necessidade de encontrar a minha paz e depois comecei a fechar o álbum e a perceber que se calhar ia ser o chamado ciclo eterno… que também é uma coisa que vem muito do Oroboros, onde também tenho essa referência no álbum. Não sei se é tanto uma questão de inspirar as pessoas a procurar a sua paz, mas foi o que eu fiz e algo que fez todo o sentido para mim, e se a malta se identificar e o fizer, para mim melhor ainda….
Uma das músicas, a “Monge”, tem um verso em que dizes “Estúdio foi o prato d´hoje” e sabendo o tempo que este álbum demorou a ser produzido, a que se devem estes três anos de estúdio?
Honestamente, grande parte desse tempo deve-se ao facto de os recursos serem bastante limitados quando estamos a começar, e nem sempre é fácil meter as coisas a andarem da maneira que nós queremos e… no fundo ainda bem que demorou esse tempo todo, porque houve muitos temas que nem se quer chegaram a entrar, e o álbum quase que acabou por se tornar noutro álbum. Por isso é que costumo dizer que o próprio álbum em si encontrou a sua jornada e foi algo que acabou por fluir naturalmente.
Este teu projeto de estreia tem 10 faixas, contando também com o interlúdio. Há alguma faixa que seja assim mais especial para ti?
São todas especiais de certa forma, mas diria que a “déjà-vu” foi a música que mais me impactou, e também foi a que mais chegou aos ouvintes, pela cena de “estar no caminho certo”.
Falando outra vez da déjà-vu, depois deste mês e pouco desde lançamento do álbum, sentes que “estás no caminho certo”? E como é que os ouvintes estão a receber este novo projeto?
A malta recebeu bem, mais ou menos dentro das minhas expectativas… aliás se calhar até um bocadinho mais do que aquilo que esperava, principalmente nos primeiros dias após o lançamento. E é isso, acho que está a correr bem, o caminho está a ser feito, agora a malta vai continuar a ouvir, mas eu já estou a pensar nas próximas coisas que vem aí.
Quando o álbum saiu, fizeste uma Listening Party em Oliveira. Geralmente só vemos isto acontecer em grandes cidades, como em Lisboa e no Porto, qual é que foi o teu objetivo com isto?
Principalmente porque a maior parte do meu público ainda está muito concentrado por aquela zona, ou nos arredores, e fazer na nossa cidade é sempre algo especial e diferente. Tinha lá a minha família e os meus amigos todos… foi algo que fez sentido.
