Madina Ziganshina já se considera portuguesa. Dos seus 34 anos de vida, quase dez foram passados em Portugal. Nasceu no Tartaristão, uma região autónoma da Rússia, mas entende que “a origem não é o mais importante na vida de uma pessoa”. “Ninguém pode escolher o sítio onde nasce, mas quando somos adultos já podemos escolher o sítio onde queremos viver”, repara.
Aveiro foi a sua escolha. Cidade e região a partir da qual vai desenvolvendo a sua carreira artística, brindando-nos com as suas pinturas e outros projetos individuais e coletivos. Conta-nos que começou a pintar aos 3 anos. “Até me lembro de um desenho que fiz no concurso para entrar na escola”, testemunha.
A pintura e as artes em geral parecem ter nascido com ela e é de volta das tintas e pincéis que quer continuar a viver. Além da sua própria arte, Madina Ziganshina vai desenvolvendo outros projetos, de que é exemplo o Salão das Artes ou a curadoria de eventos ou projetos artísticos.
Por ano, vai realizando uma média de quatro exposições individuais. Neste momento, por exemplo, tem patente uma exposição na Kasario Lunar, em Aveiro, que também teve de encerrar ao público por força da pandemia da Covid-19 – a gerência do espaço admite prolongar a apresentação para permitir visitas do público. Uma exposição na qual Madina apresenta “uma série de pinturas sobre Aveiro (...), com as ruas ainda cheias de gente feliz a passear e nas esplanadas”, realça. Já não foi a primeira vez que pintou Aveiro. Verdade seja dita, a cidade e a região que escolheu como sua tem vindo a inspirá-la e a dar cor às suas telas.
Em tempos de pandemia, Madina Ziganshina faz questão de deixar uma mensagem de solidariedade aos colegas artistas que foram obrigados a uma paragem completa de atividade e que acabam por fazer parte do grupo “mais desprotegido pelas medidas de apoio”. Que tudo passe rápido, para voltarmos a ter mais eventos e exposições.
O yoga como forma de estar na vida
À paixão pelas artes, Madina tem vindo a juntar uma outra: o yoga. Tudo começou com uma viagem à Índia, em 2012, como turista. Seguiram-se outras mais, a acompanhar o marido, em deslocações para pesquisas académicas. “Eu até era um pouco céptica em relação ao yoga, mas quando consegui conhecer melhor e ter aulas na Índia, tudo se alterou”, refere.
A prática e o estudo de yoga passaram a fazer parte da sua vida, acabando por, inclusive, obter formação e reconhecimento como instrutora de yoga – dá aulas nalguns espaços de Aveiro.
Madina é uma acérrima defensora das vantagens do yoga, em especial quando ele é “praticado de modo contínuo”. “Infelizmente, muitas pessoas procuram yoga só quando ficam mal de saúde como se fosse um comprimido que pode tomar 10 dias e ficar bem. Assim não funciona”, avisa.
“A pessoa deve começar a praticar enquanto está nova e forte”, faz questão de sublinhar. O mesmo reparo vale também para as artes. Muitos “consideram a arte passatempo, relaxamento ou terapia, mas então é um hobby; arte, como qualquer profissão, requer muitos estudos, milhares de horas de prática, persistência e dedicação”, sustenta.