A produção de pranchas de surf é um processo que passa por diversas etapas. Uma delas, já na fase dos acabamentos, é a aplicação de uma camada de resina à superfície, para garantir maiores proteção e resistência. Acontece que nem toda a resina adere, acabando uma parte por escorrer da superfície e tornar-se desperdício. Este excedente é habitualmente encaminhado para aterro, sem novas utilizações.
É isso que Ana Catarina Antunes quer mudar com o 2nd Life Resin. Graças a este projeto, uma parte do excedente de resina é reaproveitada, sendo usada para o fabrico de peças decorativas como porta-velas ou bases para tachos.
O projeto tem uma história familiar por trás. A família é natural de Águeda, onde um avô de Ana Catarina possuía uma pequena oficina de móveis. Foi nesse espaço que António Manuel Antunes, irmão de Ana Catarina, começou um negócio de fabrico de pranchas de surf, em 1998. O Manila Surfboards – ou MSD Surfboards - seria transferido para Ílhavo vários anos depois, cerca de 2020, funcionando desde então na Zona Industrial da Mota, na Gafanha da Encarnação, no Município de Ílhavo.
Foi António Manuel, que tem a alcunha de Manila, hoje com 48 anos, que começou por fazer o reaproveitamento de uma parte do excesso daquela substância, produzindo maçanetas de portas. A irmã, de 51 anos, quis, porém, levar o projeto mais longe e, especialmente a partir da pandemia, diversificou a gama de produtos criados a partir do desperdício da resina. Através do 2nd Life Resin, produz porta-velas, porta-chaves, porta-incenso ou bases para tachos ou para copos, além de maçanetas ou extremidades de bengaleiros.
O projeto está ainda numa fase bastante embrionária. “Eu sou arquiteta paisagista de profissão, o 2nd Life Resin é um hobby”, explica Ana Catarina, que conta com a colaboração do irmão e da mãe. Ainda assim, o projeto é levado muito a sério, graças às preocupações ambientais da sua criadora. “Seguimos os princípios da economia circular. Temos esta preocupação de estender a vida útil deste material dando-lhe novas utilização”, diz à Aveiro Mag.