O Hugo Santos 5tet foi o grande vencedor da 5.ª edição do Concurso Internacional de Jazz (CIJ), no âmbito do Campus Jazz – Festival de Jazz da Universidade de Aveiro (UA), arrecadando todos os prémios principais: Melhor Ensemble, Melhor Composição Original e Melhor Arranjo Original. A estes prémios somam-se duas Menções Honrosas atribuídas ex aequo aos projetos João Tavares Trio e João Tavares Quartet, sendo o nome apenas uma coincidência, já que os músicos são distintos.
O ensemble vencedor é composto por músicos oriundos de vários pontos do país, todos estudantes ou ex-estudantes da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), no Porto. A formação inclui Hugo Santos na bateria, Duarte Júlio no contrabaixo, Simão Raimundo ao piano, Rafael Oliveira na guitarra e Pedro Miranda em saxofone tenor, sendo Hugo Santos o único ainda a frequentar a ESMAE. Com cerca de um ano de existência, o quinteto revelou já uma forte coesão e química musical, com o baterista a destacar o entusiasmo do grupo por este reconhecimento e a projetar um futuro promissor: “Isto é só o começo; daqui para a frente é continuar, evoluir e sempre com vontade de querer fazer mais e melhor”.
Os prémios atribuídos traduzem-se em 1500 euros para o Melhor Ensemble, com o agendamento de quatro concertos — um deles integrado no Campus Jazz 2026 —, e 500 euros para cada um dos galardões de Melhor Composição Original e Melhor Arranjo Original. A UA mantém a parceria com importantes festivais nacionais que acolhem os vencedores do CIJ nas suas programações, como o Guimarães Jazz, o Festival “Que Jazz É Este?” (em Viseu) e o Estarrejazz (em Estarreja), através da colaboração com as entidades A Oficina, Gira Sol Azul e o Município de Estarreja.
As apresentações dos oito finalistas do CIJ decorreram no Cine-Teatro de Estarreja, nos dias 4 e 5 de junho. Jorge Castro Ribeiro, presidente do júri e docente da UA, sublinhou a importância da continuidade do concurso na valorização de novos talentos do jazz, incentivando a interação entre músicos de diferentes origens e reforçando a necessidade de uma maior participação feminina neste género musical.
Paralelamente, o encerramento do Campus Jazz 2025 foi assinalado com a inauguração de uma dupla exposição que celebra o jazz e os seus apreciadores, com curadoria de Ivo Martins (diretor do Guimarães Jazz), Vera Velez (designer gráfica) e Manuel Neto (autor, tradutor e editor). A mostra “Corpo e Alma: O Jazz e os seus divulgadores em Portugal”, patente no Centro de Estudos de Jazz (CEJ) da UA, no piso térreo da Biblioteca, é composta por uma seleção do acervo do CEJ e homenageia figuras como José Duarte e Manuel Jorge Veloso. A exposição destaca a importância destes divulgadores na história do jazz em Portugal, através de documentos, cartazes, capas de álbuns e registos de audição que remetem para um passado pré-digital, funcionando como autênticos hiperlinks analógicos.
Entre os elementos em destaque encontram-se seis LPs considerados particularmente influentes, expostos sem capas e isolados em expositores cilíndricos, num gesto que procura devolver protagonismo ao som.
“Corpo e Alma” estará patente até à próxima edição do Campus Jazz, com entrada livre de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 20h00, e nos fins de semana e feriados apenas por marcação (museu@ua.pt). A segunda exposição, “A Very Literal Work”, de Julião Sarmento, pode ser visitada até 8 de julho, de segunda a sexta-feira, entre as 14h00 e as 19h00, também mediante marcação aos fins de semana e feriados. Esta instalação estabelece uma ponte entre o arquivo e a criação artística contemporânea, reforçando o papel do jazz como linguagem estética transversal ao tempo.